O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
"É um atendimento à saúde da mulher, é parte do serviço de atenção sexual e reprodutiva", afirma a brasileira Myriam Marques, que atua em ambulatório de saúde estudantil na Universidade da Columbia, em Nova York, nos Estados Unidos. Lá, um dos procedimentos oferecidos aos estudantes desde março deste ano é o chamado aborto medicamentoso, com um atendimento realizado por meio de remédios.
O serviço é oferecido às alunas e pessoas que gestam desde março deste ano e fica dentro da clínica que atende todos os alunos da universidade privada. Em Nova York, o aborto é liberado até 24 semanas de gestação em qualquer circunstância. Após esse período também é legal quando apresenta risco de vida e saúde à gestante. Casos de abuso sexual entram nessa classificação.
— É um simples serviço de atenção a saúde sexual e reprodutiva às mulheres e pessoas que gestam, como atender uma infecção sexualmente transmissível, colocar um DIU ou outros problemas ginecológicos — explica a gerente do ambulatório estudantil.
Conforme a enfermeira, quando paciente chega à clínica ocorre o primeiro atendimento com enfermeiros e o aconselhamento. Caso esteja decidida, é encaminhada para atendimento e prescrição para receber o medicamento. O serviço é gratuito.
— Um serviço de saúde, é um assunto da vida privada. Um assunto tratado entre médico e paciente. Você não julga ninguém.
Myriam é de Minas Gerais, graduou-se e é mestra em Enfermagem pela UFMG e de Saúde Pública pela Universidade de Bruxelas, atuou como enfermeira no Brasil, África, Europa. Questionada sobre o PL do Aborto, que esteve em debate no Congresso no mês passado, ela disse que acompanhou com preocupação.
— No Brasil já caminhamos muito, temos muita ciência e estudos sobre o assunto, mas é usado politicamente. Não vemos o mesmo vigor desses políticos para a aprovação de políticas de violência contra crianças, por exemplo, que é muito alta. É muito dramático — finaliza.
A enfermeira também atua na organização Defenda a Democracia no Brasil, nos EUA, e também na rede de Articulação de Mulheres Brasileiras e da Rede Feminista de Saúde e Direitos Reprodutivos.
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