O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
R$ 142,88. Esse é o preço médio na região sul do Brasil na hora da compra de voto, crime eleitoral punível com prisão por até quatro anos e pagamento de multa. É o valor mais caro do Brasil. Os dados são de um levantamento divulgado nesta semana pelo Instituto Não Aceito Corrupção (Inac), em parceria com o Ágora Pesquisa.
A diferença entre os valores de cada região não é, na avaliação do presidente do instituo e procurador de Justiça criminal do Ministério Público de São Paulo, Roberto Livianu, tão discrepante. Depois do Sul, aparecem o Centro-Oeste com R$ 140,54, Sudeste com R$ 139,58, Norte com R$ 138,83 e Nordeste com R$ 124,62.
— Há uma série de elementos que chamam a atenção. Em primeiro lugar o repúdio e a não aceitação. As pessoas sentem repúdio ao ato. Mas, em um determinado momento da pesquisa, listamos 20 condutas ilícitas envolvendo a política e pedimos a mais grave. As três das mais citadas são: "rachadinha", contratação de funcionário fantasma e compra de votos — explicou Livianu.
A pesquisa também questionou os entrevistados se nos últimos 10 anos soube de algum candidato ou cabo eleitoral que ofereceu alguma vantagem em troca do voto. Nacionalmente, 54% tinham conhecimento. Na Região Sul, 41% sabiam de algum caso e 59% não tinham conhecimento.
— Quem atua no âmbito eleitoral, trabalha de maneira dedicada ao enfrentamento da corrupção eleitoral. Ela existe, está viva, os votos são comprados e isso precisa se coibido - diz o procurador.
Foram mais de 2 mil entrevistados em diversas cidades do país, inclusive em todas as capitais. É o segundo ano em que a pesquisa é aplicada, a primeira foi em 2022:
— A razão de ser dessa pesquisa é, estrategicamente, pautar o tema da corrupção na eleição. Queremos que os eleitores se preocupem com o assunto.