Meio ambiente é um assunto que une, por excelência, as dimensões global e local - e vice versa. Por isso, não deixa de ser irônico que o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa deste ano, lembrado nesta sexta-feira (3), tenha como tema o jornalismo diante da crise ambiental e que coincida com o momento em que o Rio Grande do Sul sofre a maior tragédia das águas de sua História.
Essa data foi criada pela Assembleia Geral da ONU em 1993 como lembrete sobre a necessidade de garantir que o compromisso com a liberdade de imprensa seja assegurado. É também uma data de reflexão entre os profissionais da área e uma oportunidade para lembrar daqueles que perderam a vida no exercício da profissão.
O lema deste ano é "Uma imprensa para o planeta: o jornalismo diante da crise ambiental". A crise climática não afeta apenas o ambiente e os ecossistemas, mas também a vida de milhares de milhões de pessoas em todo o mundo. Como o drama da chuva no RS vem mostrando, as histórias de quem sofre os impactos das mudanças ambientais precisam ser conhecidas e compartilhadas. Organizadora da campanha, a Unesco salienta que essas histórias não são bonitas de se assistir. Ao contrário, costumam, em geral, ser perturbadoras. Mas é somente as conhecendo que a ação é possível. Expor a crise é o primeiro passo para resolvê-la.
"É por isso que o papel dos jornalistas é crucial. É por meio do seu trabalho, da sua coragem e da sua perseverança que podemos saber o que está a acontecer em todo o planeta. Eles trabalham na linha de frente da nossa luta coletiva pela saúde do nosso planeta e da nossa luta por vidas habitáveis. Neste Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, vamos reconhecer e celebrar o seu trabalho para nos ajudar a moldar um futuro melhor", diz a entidade.
Por ocasião desse dia, a Unesco lança a campanha “Esta história deve ser contada”, destacando as contribuições de jornalistas e fotojornalistas na revelação de histórias que merecem ser contadas. As ações podem ser encontradas no site da organização e nas redes sociais por meio da hashtag "WorldPressFreedomDay".
Também por ocasião desse dia, organizações internacionais defensoras da liberdade de imprensa assinaram na quinta-feira (2) no Chile a “Declaração de Santiago + 30”, como parte das celebrações pelo Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. O texto aborda novos desafios políticos, sociais e tecnológicos que o jornalismo enfrenta no mundo. Reunidas em um encontro organizado pela Associação Nacional da Imprensa na Universidade Católica do Chile, as entidades jornalísticas revisaram a “Declaração de Santiago” publicada em 1994 na própria capital chilena, sob a orientação da Unesco, com o propósito expresso de reafirmar o “compromisso com uma imprensa livre, um discurso público vibrante e o florescimento de sociedades democráticas na região iberoamericana e no Caribe”.
Entre seus destaques, o documento pede aos Estados que evitem narrativas de polarização política; protejam jornalistas; garantam o livre fluxo de informação e acesso à informação pública; apoiem a sustentabilidade do jornalismo independente e incentivem condições de negociação equilibradas entre meios de comunicação e plataformas digitais pela distribuição de conteúdo.