Na forma e no conteúdo, a operação Tempus Veritatis (Tempo da Verdade), deflagrada na manhã desta quinta-feira (8) pela Polícia Federal em 10 Estados e no Distrito Federal (DF), é a maior já realizada contra o núcleo de poder de Jair Bolsonaro.
Na forma, porque vários dos alvos conformavam o círculo mais próximo do então presidente. Desde assessores como Marcelo Câmara (detido) até influentes mentes que compunham o núcleo ideológico do Planalto, como os generais Augusto Heleno (então chefe do GSI), Walter Braga Netto (Casa Civil e Defesa), Paulo Sérgio Nogueira (então ministro da Defesa) e Filipe Martins (assessor internacional também detido, ex-braço direito do chanceler Ernesto Araújo e discípulo do escritor Olavo de Carvalho).
Entre os militares, também é alvo o general Estevam Cals Theophilo Gaspar Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército (COTer). Entre os políticos, está na mira o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto. No caso de Bolsonaro, os policiais estiveram em sua casa em Angra dos Reis (RJ) para apreender o passaporte do ex-presidente - como não foi encontrado, a PF deu 24 horas para que o documento seja entregue.
Como se vê, os alvos são políticos, militares de alta patente, ex-ministros palacianos e assessores.
O arco que compõe os nomes sugere uma ação, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que mira o chamado "gabinete do ódio" e pode estar lastreada, em parte, por informações obtidas a partir da delação premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro tenente-coronel Mauro Cid, que teria detalhado o modus operandi do grupo.
Esta é também no conteúdo a maior operação contra o núcleo pensante dos atentados do dia 8 de janeiro de 2023 na Praça dos Três Poderes, em Brasília: baseia-se na acusação de que o grupo se dividiu para disseminar a desinformação de ocorrência de fraude nas eleições de 2022 para viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital.