Excelente professor, humano, exímio pesquisador e articulador político.
Essas são algumas das características de Marco Aurélio Chaves Cepik, o novo número 2 da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), na opinião de amigos e ex-alunos.
O professor do Programa de Pós-graduação em Estudos Estratégicos Internacionais (PPGEEI) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) será o novo diretor adjunto do órgão, depois da saída de Alessandro Moretti. A troca ocorreu após a Polícia Federal (PF) deflagrar mais uma fase da operação que investiga a suposta espionagem ilegal pela Abin, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Desde o início do governo, Cepik era o chefe da escola de formação da agência, a Esint, instituição que forma os funcionários que passam em concurso público para integrar a agência de inteligência.
O professor é um dos principais pesquisadores em segurança internacional do país, com pós-doutorado na Universidade de Oxford. Na UFRGS, ele é titular do Departamento de Economia e Relações Internacionais. Suas linhas de pesquisa são, além de segurança internacional, inteligência governamental e governança digital. Um ex-aluno descreveu à coluna as qualidades do professor.
- Ele é excelente em termos de análise e articulação política. uma pessoa extremamente ponderada, sempre calculando, demorando mais antes de opinar, pedindo: "Calma, vamos esperar para tomar decisão". No período em que foi coordenador do Cegov (Centro de Estudos Internacionais sobre Governo, da UFRGS) sempre teve essa característica - disse.
Hoje também professor, o ex-aluno lembra que, na sala de aula, Cepik incentivava o contraditório, propondo diálogos construtivos.
- Ele usava vários métodos para debate, gostava muito do debate, mas que ocorresse de maneira propositiva, que não ficasse focado apenas na maneira como o argumento era dito, mas que se tentasse pegar pelo conteúdo propriamente dito - afirmou.
Augusto Dall'Agnol, último orientando de doutorado de Cepik na UFRGS antes do ingresso do professor no governo Lula, também é só elogios.
- Cepik é, antes de mais nada, uma pessoa extremamente humana e verdadeiramente preocupada com questões de desenvolvimento, soberania e democracia. É um dos raros consensos na comunidade acadêmica de um profissional sério, autônomo e comprometido com o futuro do Brasil - diz Dall'Agnol, autor de "Queda & Ascensão da Rússia: Estabilidade Estratégica, Construção do Estado e Reforma Militar de Larga Escala (1991-2021)", que tem prefácio assinado por Cepik.
O professor que agora assume a segunda principal cadeira da Abin também tem vasta experiência internacional. Atuou como professor visitante da Universidade de Denver, da Renmin University of China, do Instituto Superior de Relações Internacionais de Moçambique, da Naval Post Graduate School, da Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales (Equador) e da Indiana University of Pennsylvania.
Seu nome é muito respeitado na PF, corporação da qual o novo diretor-geral da Abin, o também gaúcho Luiz Fernando Corrêa, é oriundo. Entre os livros escritos por Cepik estão "Segurança internacional: práticas, tendências e conceitos", "Espionagem e democracia" e "Inteligência Governamental - Contextos nacionais e desafios contemporâneos".