Por ora, afastada, felizmente, a possibilidade de guerra na América do Sul. As tensões entre Venezuela e Guiana arrefeceram graças à mediação brasileira.
Em uma reunião que durou sete horas no Itamaraty, na quinta-feira (25), os chanceleres dos dois países em disputa ficaram frente a frente: Hugh Hilton Todd, da Guiana, e Yvan Gil, da Venezuela. Com mediação do ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, as duas nações se comprometeram em resolver a questão pela via diplomática.
"Nas conversas de hoje, Venezuela e Guiana expressaram seu entendimento acerca do compromisso assumido na “Declaração de Argyle para o Diálogo e a Paz”, em particular do mandato conferido à Comissão Conjunta", disse o chanceler brasileiro, em nota divulgada nesta sexta-feira (26) à imprensa.
Trocando em miúdos: a Declaração de Argyle é o marco escrito do comprometimento de Guiana e Venezuela em encontrar uma solução por meio do diálogo para a crise. Foi assinada em 14 de dezembro de 2023, em Argyle, território de São Vicente e Granadinas, no Caribe, entre os presidentes de Guiana, Irfaan Ali, e da Venezuela, Nicolás Maduro.
Na reunião de quinta, Todd, o representante da Guiana, disse que "foi um bom começo". Sua contraparte, Gil, da Venezuela, disse que "nenhum recorrerá a ameaças ou à invocação do uso da força".
Guiana e Venezuela apresentaram suas propostas de agenda para o trabalho da comissão conjunta, que ficarão para posterior análise em uma nova reunião que poderá ser realizada também no Brasil. Não significa que o tema, a disputa pela região de Essequibo, que é de décadas, mas foi trazida à tona agora, no calor eleitoral venezuelano, esteja encerrado. Mas, por enquanto, o continente pode respirar aliviado. Foi uma vitória da diplomacia.