Para entender o que é o banco do Brics, o qual ex-presidente Dilma Rousseff comandará (sua oficialização na presidência foi feita nesta sexta-feira, 24), primeiro, é importante compreender o que é o próprio acrônimo de palavras. Brics reúne as iniciais dos cinco países que integram esse grupo: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (South Africa, em inglês).
O Brics nasceu de uma ideia formulada pelo economista-chefe da Goldman Sachs, Jim O'Neill, em um estudo chamado Building Better Global Economic Brics. Referia-se basicamente às cinco nações emergentes no cenário político e econômico internacional. Mas, até 2006, o grupo não estava reunido em um mecanismo que permitisse a articulação entre esses governos. Naquele ano, 23 de setembro, os chanceleres de quatro desses países (a África do Sul estava fora) se reuniram paralelamente à 61º reunião da Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Ali foi lançada a pedra fundamental do grupo que, em 2011, agregaria também a África do Sul.
Apesar de reunirem potências em ascensão, o Brics tem caráter informal, uma vez que não possuem um documento constitutivo ou secretariado. Também ganha maior ou menor projeção a partir dos governos de cada país. Por exemplo, no mandado de Jair Bolsonaro, o grupo esteve em baixa, uma vez que o então presidente não desejava alinhamento com China, por exemplo.
O banco do Brics surgiu em 2014 com capital inicial de US$ 50 bilhões a partir de contribuições igualmente distribuídas entre os membros. Chamada oficialmente de Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), a instituição tem o objetivo de mobilizar recursos para investir em projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em mercados emergentes. As áreas de operações são energia limpa e eficiência energética, infraestrutura de transporte, água e saneamento, proteção do meio ambiente, infraestrutura social e infraestrutura digital.
O Brasil tem nove projetos aprovados pelo banco e recebeu R$ 4,4 bilhões em empréstimos.
A instituição tem sede em Xangai, na China.
Dilma, agora confirmada na presidência do banco, irá morar lá. Desde a transição de governo, em Brasília, imaginava-se que a ex-presidente teria um cargo importante: falava-se que seria embaixadora em Buenos Aires ou mesmo em Washington. Mas seu nome começou a ganhar força para o banco a partir do meio de janeiro, dada a experiência da ex-presidente com temas de desenvolvimento e infraestrutura. Do ponto de vista político, para Lula, indicá-la ao posto foi uma forma de trazê-la de volta à política, depois dos anos de isolamento após o impeachement. Uma dívida de gratidão.