Nos últimos dias, jornalistas canadenses estranharam o fato de buscarem suas reportagens no Google e não as encontrarem. A resposta ao "mistério" começa a aparecer.
Em reação a um projeto de lei que tramita no parlamento do país, que prevê que as gigantes de tecnologia paguem às empresas de comunicação por exibirem conteúdos jornalísticos, a Google decidiu começar a bloquear notícias que aparecem em seu buscador. À Reuters, a companhia admitiu, em 21 de fevereiro, que está realizando testes nos quais limitam temporariamente o acesso ao conteúdo de notícias para 4% de seus usuários canadenses. O experimento durará cinco semanas, segundo a empresa.
De autoria do governo do primeiro-ministro Justin Trudeau, o projeto de lei canadense, chamado Online News Act (ou C-18), já foi aprovado pela Câmara e está, agora, no Senado. Além de prever remuneração a jornais, rádios, sites e emissoras de TV que produzem conteúdo jornalísticos, a lei exige que as plataformas como Alphabet (proprietária do Google), Twitter e Meta (dona do Facebook e do Instagram) facilitem o acesso às notícias. Uma lei semelhante já foi adotada pela Austrália. No país da Oceania, o Google fez o mesmo tipo de "experimento", limitando os conteúdos jornalísticos, como forma de pressão, em janeiro de 2021.
- Os canadenses precisam ter acesso a notícias de qualidade baseadas em fatos nos níveis local e nacional, e é por isso que introduzimos o Online News Act. As gigantes de tecnologia precisam ser mais transparentes e responsáveis perante os canadenses - disse Pablo Rodriguez, ministro do Patrimônio canadense.
O Facebook já ameaçou tomar essa atitude no ano passado.
Em última análise, a reação das big techs ao projeto pune os usuários da internet, o cidadão comum, que fica privado de informações de qualidade, de interesse público, produzida por jornalistas profissionais.