Nesta terça-feira (20), pela primeira vez, o presidente russo, Vladimir Putin, admitiu que a situação nas quatro regiões da Ucrânia anexadas pelo Kremlin está "extremamente difícil".
As áreas de Donetsk e Luhansk, províncias separatistas que serviram de argumento para a invasão, em 24 de fevereiro, e as regiões de Kherson e Zaporizhia foram declaradas russas em setembro.
A fala de Putin no momento em que faz uma visita a Belarus, copartícipe da ocupação, denota temor em relação à ação de serviços de inteligência estrangeiros, traidores, espiões e sabotadores.
Como se sabe, quando pressionados, é de praxe ditadores começarem a ver inimigos para onde olham, por todos os lados, o que, via de regra, os tornam mais perigosos - normalmente, esse medo os conduz a ações de expurgos internos ou de terra arrasada em relação a adversários no campo de batalha.
Se está difícil para Putin, imagine para os ucranianos.
Enquanto o mundo cristão estiver comemorando o Natal, na virada de 24 para 25, a guerra na Ucrânia estará completando 10 meses. O inverno terá chegado ao Hemisfério Norte, tornando mais miserável a vida no front e nas cidades bombardeadas exatamente porque Vladimir Putin decidiu, depois do choque e pavor da primeira fase do conflito, matar a mingua os ucranianos. Como? Atingindo a infraestrutura ucraniana. Desde o final de novembro, pode-se dizer, a guerra entrou em mais uma fase: as forças armadas russas têm mirado as instalações elétricas e de gás das grandes cidades. Com isso, não apenas os cortes de energia se tornam mais frequentes, mas também as residências dos ucranianos ficam desaquecidas.
Com a falta de eletricidade também são cortadas internet e rede de telefonia. Ou seja, reina a desinformação, arma já clássica desse conflito. Sem luz, em poucas horas ou dias, também falta água. Eis porque esse tipo de tática é uma dos mais cruéis, por que põe de joelhos a população civil.