Um dos nomes cotados para voltar ao Ministério da Defesa, Aldo Rebelo desconversa:
- Não cogito essa hipótese. Tenho outros planos: aliás, uma viagem marcada para janeiro para a Amazônia, onde pretendo escrever um livro - disse, em entrevista à coluna, por telefone, nesta sexta-feira (18), quase ao mesmo tempo em que, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, o coordenador dos grupos técnicos da transição, Aloizio Mercadante, confirmava que um civil deve comandar a pasta.
Titular do Ministério da Defesa no segundo governo Dilma Rousseff, Rebelo, ex-comunista, hoje filiado ao PDT de São Paulo, não vê traumas nas relações entre o presidente leeito Luiz Inácio Lula da Silva e as Forças Armadas. Ele acrescentou, durante a conversa, que não será nessa área que o futuro governo enfrentará maiores dificuldades. Durante os governos petistas, Rebelo atuou também como ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, do Esporte e de Coordenação Política e Assuntos Institucionais.
A seguir, trechos da entrevista.
A Defesa parece um dos pontos complicados da transição. Até agora não foram anunciados nomes no grupo técnico sobre o tema. Como o senhor está acompanhando os debates?
Estou acompanhando de longe, pelo que sai publicado na imprensa, e por alguns amigos, que ligam para trocar ideias. Mas não vejo dificuldade, não vejo que aí resida algum problema. Acho que não vai ter confusão nenhuma nessa área. O governo tem de se preocupar é com a política e com a economia. As áreas da Defesa, Agricultura e Pecuária são agendas conhecidas. Todo mundo sabe o que fazer. Aliás, nunca houve problema. Lula governou o país por oito anos sem problemas nessa área (Defesa), nem com a Agricultura. Não será agora que terá.
Há uma preferência por um civil no comando do Ministério da Defesa, aliás, como é tradição desde que a pasta foi criada.
Isso é uma coisa da esfera do presidente decidir.
E qual a sua preferência?
Não tenho preferência, nem me cabe. O ministério tem uma natureza civil, mas teve dois ministros militares que o ocuparam, todos estavam na reserva. É uma decisão que cabe ao presidente da República. Minha impressão é de que ele deva optar por um civil.
Diante da proximidade dos militares com o presidente Jair Bolsonaro, como o senhor acredita que as Forças Armadas vão receber o governo Lula. Como reconstruir pontes?
Não vejo necessidade de preocupação com isso. Os militares conviveram com dois governos do presidente Lula, com dois governos de Dilma, e não houve nenhum problema na relação. Por que haveria agora?
O senhor se coloca à disposição, caso seja convidado a ser ministro da Defesa?
Não, meus amigos sabem, conversam comigo, que minha opinião sobre isso é distante. Não tenho participado de nenhuma articulação em relação ao governo.
Mas aceitaria o convite?
Aceitaria por quê? Vou me oferecer para ser ministro? Não, isso não existe. Não cogito essa hipótese. Tenho planos, aliás, uma viagem marcada para janeiro para a Amazônia, onde pretendo escrever um livro sobre os 500 anos de cobiça da Amazônia por interesses internacionais. Já tenho quase toda a bibliografia lida, e o roteiro do livro já está pronto. A cidade já está escolhida, onde vou me estabelecer para fazer minhas últimas pesquisas.
Está com outros planos? Mais afastado da política...
Da política partidária não, porque estou filiado ao PDT, disputei uma eleição para o Senado, acompanho o tema com os amigos. Não tenho participado de articulações políticas recentemente, porque estou me dedicando a esse livro, que já tinha planejado escrever há algum tempo. Como tenho mais tempo para isso agora, estou terminando de ler a bibliografia e planejo terminar as pesquisas no começo do próximo ano na Amazônia.
Tem se falado muito sobre o nome do ex-ministro Nelson Jobim, também como opção de retornar à Defesa. Como o senhor avalia?
Muito bom, foi um bom ministro, é muito competente. Ele tem o respeito das Forças Armadas, tem a confiança do atual governo. É um excelente nome.