Das 31 áreas temáticas de trabalho da transição de governo, mais de 290 nomes foram anunciados. Mas dois dos grupos foram deixados intencionalmente para o fim até agora: o da defesa e o da inteligência.
Nos bastidores, aliados do governo aqui, em Brasília, comentam, sob anonimato, que a área é extremamente sensível, dada a proximidade das Forças Armadas com o atual governo de Jair Bolsonaro. A ordem é evitar atritos.
O cuidado foi maior nas últimas semanas, inicialmente pela espera do relatório do Ministério da Defesa sobre as urnas eletrônicas. Mas, mesmo depois de divulgado o parecer, a ideia é ampliar o diálogo com as forças e ir pavimentando boa relação para os próximos quatro anos.
Ainda que o gabinete da transição tente evitar a associação entre os integrante da transição e possíveis nomes de ministros, é inevitável pensar que os indicados pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin possa se tornar "ministeriável". O gabinete de transição quer evitar especulações nas áreas sensíveis de defesa e inteligência;
Nos bastidores, fontes dizem que é difícil encontrar um nome capaz e disposta a encarar o desafio de chefiar o Ministério da Defesa. O desejo de Lula é por um nome civil. Outra dificuldade é o fato de os integrantes do gabinete de transição encontrarem dificuldade, no governo atual, para um interlocutor. Os canais estão fechados, ao menos por enquanto, com a caserna.
Aliás, essa é uma premissa desde a criação do Ministério da Defesa, em 1999, por meio de emenda constitucional, que prevê a subordinação das três forças (Exército, Aeronáutica e Marinha) ao poder civil, tradição rompida com Bolsonaro.