A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) está ampliando sua atuação científica na Antártica. Partiu nesta quarta-feira (28), da Base Aérea de Canoas, o módulo Criosfera 2, que será levado até o interior do continente gelado.
Construído com tecnologia gaúcha, em uma parceria entre UFRGS e Rodosinos, o módulo de pesquisa foi embarcado no Embraer KC-390. Junto, a aeronave levará seis toneladas de equipamentos. Conforme o glaciologista Jefferson Simões, vice-presidente do Comitê Científico de Pesquisas Antárticas, essa será a maior expedição do Brasil no interior da Antártica, sob coordenação geral da universidade gaúcha.
A ação do Programa Antártico Brasileiro (Proantar) é apoiada pela Secretaria Interministerial para os Recursos do Mar e envolve a cooperação UFRGS, Marinha do Brasil, Força Aérea Brasileira (FAB) e com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). A construção do módulo custou R$ 250 mil. Esse custo foi financiado meio a meio por Fapergs e CNPq/MCTI. O transporte e a logística até a Antártica sairão por cerca de R$ 2,5 milhões e ficarão totalmente a cargo do ministério.
O módulo anterior, Criosfera 1, foi instalado no interior da Antártica no verão 2011 e 2012. O laboratório está localizado a 667 quilômetros do Polo Sul geográfico e a 2,5 mil quilômetros ao sul da Estação Comandante Ferraz — a mesma distância entre as cidade do Rio de Janeiro e Belém, no Pará. Criosfera 2 será posicionado a uma distância de 500 quilômetros do primeiro.
O avião da FAB levará o módulo até Punta Arenas, no extremo sul do Chile. De lá, o laboratório seguirá, dentro de 30 a 45 dias, para o interior da Antártica em um avião fretado - Illyustin 76, especializado para pousar no gelo. Com o módulo, viajam quatro pesquisadores. Outros oito cientistas da UFRGS, entre eles Simões, viajam para a Antártica no final de novembro.
Tanto Criosfera 1 quanto Criosfera 2 são estações meteorológicas que funciona ao longo de todo o ano (sem a presença de humanos), que permite investigar as interações entre as massas de ar antárticas e as do Brasil, avançando o conhecimento sobre as frentes frias (friagens) que afetam a produção agrícola brasileira, em especial do sul do Brasil. Os sensores do módulo também recebem informações sobre os componentes químicos da atmosfera, como concentração do dióxido de carbono (CO2). Ajuda ainda na investigação de sinais de poluição global gerados pela atividade industrial e de mineração.