Há duas singularidades na reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), que será inaugurada nesta terça-feira (20), como é tradição, pelo presidente brasileiro: será a primeira totalmente presencial em dois anos de pandemia - em 2020, foi completamente virtual, e, em 2021, foi parcialmente remota porque parte do mundo ainda vivia o auge da covid-19. A segunda questão é que o mundo se reunirá, pela primeira vez, em meio a uma guerra, a da Ucrânia.
Na 77º reunião da ONU, os discursos mais aguardados são de Ucrânia, Rússia e China - mas, nos dois primeiros casos, os pronunciamentos seguirão sendo ou virtuais ou sem a presença de seu líder máximo. Volodmir Zelensky discursará por vídeo e Vladimir Putin será representado pelo chanceler Serguei Lavrov.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que, pela tradição, seria o segundo a falar (após Bolsonaro), só discursará na quarta-feira (21), devido a um atraso na agenda, em razão de sua ida ao Reino Unido, para os funerais da rainha Elizabeth II.
Há vários temas fundamentais - além da guerra em si, seus efeitos colaterais. Por exemplo, um dos temas candentes será a necessidade de expandir o acordo de permitirá o comércio de grãos da Ucrânia a partir de seus portos e pelo Mar Negro. O mesmo vale para o escoamento de fertilizantes pela Rússia, alvo de sanções internacionais. Ambos os temas são fundamentais para o amenizar os impactos da crise de escassez global de alimentos.
Na semana passada, Putin voltou a ameaçar barrar a exportação de grãos pela Ucrânia - que foi permitida mediante acordo que envolveu a ONU e a Turquia.
Relacionados com a guerra na Europa estão outros dois temas: a segurança energética, em um inverno que se aproxima do Hemisfério Norte e as questões ambientais em uma Europa que vê o aumento do uso do carvão como fonte.
Nos discursos de abertura, vale ainda ficar de olho nos debutantes: pela esquerda, Gabriel Boric, o presidente do Chile, e, pela direita, Ferdinand Marcos Jr., filho do ex-ditador das Filipinas Ferdinand Marcos.