Uma bandeira do Brasil, que pertenceria ao voluntário gaúcho André Hack Bahi, morto na Ucrânia em junho, aparece nas mãos de um combatente checheno em um vídeo divulgado em redes sociais. Natural de Porto Alegre, Hack Bahi foi a primeira vítima fatal brasileira no atual conflito, durante combate em Severodonetsk. Sua morte foi confirmada pelo Itamaraty.
Na sexta-feira (1º), outros dois voluntários brasileiros, que haviam se juntado às forças ucranianas, foram mortos na guerra, dessa vez na região de Kharkiv: o também gaúcho Douglas Rodrigues Búrigo e a paulista Thalita do Valle.
No vídeo, divulgado pelo perfil @OsintBrazil no Twitter, o oficial checheno, que atua ao lado de tropas da Rússia, discursa. Conforme a tradução feita pelo próprio perfil, ele diz o seguinte:
- Vou mostrar o exemplo de uma legião estrangeira. Uma legião estrangeira chegou recentemente e postou eles chegando com Humvee (veículo blindado). Rapazes Fodas. Se eles achavam que iriam ter todo o suporte de outras legiões estrangeiras, americanos, representantes da Otan etc. Assim que esse pessoal chega aqui eles se deparam com outra realidade e eles começam a entrar em pânico. Vou mostrar esse exemplo: pegamos essa bandeira de uma legião estrangeira que destruímos.
Na sequência, ele exibe a bandeira brasileira, em um primeiro momento do avesso. Em seguida, ele reposiciona o símbolo.
- Todos os participantes dessa legião assinaram o nome na bandeira - diz.
No tecido, é possível observar os nomes do gaúcho André Hack Bahi e de outros combatentes brasileiros. O checheno, entretanto, destaca nomes estrangeiros, segundo ele de "espanhóis", "croatas" e "escoceses":
- Bom, todos eles vieram para cá. Alguns foram eliminados, outros, fugiram. Muitos ficaram em pânico logo nos primeiros dias. Ainda sobraram alguns, mas eles não estão inspirados em continuar lutando.
A família de André Hack Bahi, em Porto Alegre, ficou indignada com o vídeo. Conforme Letícia Bahi, irmã do combatente, eles esperavam receber a bandeira brasileira junto com as cinzas do familiar. Segundo ela, o corpo de seu irmão seria cremado no sábado (2) na Ucrânia, e as cinzas seriam entregues a familiares do gaúcho no Ceará.
- Como pegaram algo que era para ser da família unicamente? - questiona. - Meus pais esperavam por essa bandeira.
A coluna não conseguiu, até o momento, de forma independente, confirmar se a bandeira pertencia mesmo a Hack Bahi e em que se circunstâncias ela foi parar nas mãos do combatente checheno.