Emmanuel Macron vai vencer a eleição do próximo domingo (24), igualando-se a Jacques Chirac, François Mitterrand e Charles de Gaulle, os únicos presidentes reeleitos na história da 5ª República. Tudo indica que os franceses não cairão na versão "paz e amor" de Marine Le Pen.
A Frente Nacional (FN) mudou de nome, agora se chama Reagrupamento Nacional. Le Pen tem tentado apagar a imagem extremista do partido desde que assumiu, em 2011, o controle da então Frente Nacional (FN), fundada por seu pai, Jean-Marie Le Pen. Mas seu partido continua racista, antissemita e nostálgico da Argélia colonial. E a candidata da extrema-direita, embora tenha adotado um verniz moderado, não abandonou seu pensamento ultraconservador contra a imigração e sua oposição ao véu islâmico, pois afirma que, se chegar ao poder, as mulheres que o usarem em público na França serão multadas.
O discurso contra o medo vencerá de novo - como em 2002, quando Jean-Marie perdeu com quase 18% dos votos para o conservador Chirac, em uma união nacional de legendas democráticas contra o radicalismo, que se repetiu também em 2017 para barrar a própria Marine, também em segundo turno, contra Macron (ela recebeu 34% dos votos, e Macron, 66%).
Dito isso, não significa que tudo está certo na bela França. E as pesquisas captam essa preocupação. A corrida agora está muito mais apertada. E ainda que Macron tenha crescido nos últimos dias, será uma vitória por uma margem menor, em que ele deve conquistar entre 53% e 55,5% dos votos e Le Pen entre 44,5% e 47% dos votos.
A crise dos "coletes amarelos" foi sintoma de uma mal-estar latente cuja fagulha foi o aumento dos preços dos combustíveis.
A mobilização sustentou sua imagem de "presidente dos ricos" e desconectado da realidade, conquistada e reforçada com frases polêmicas. Entre elas, quando Macron disse que, nas estações de trem, "você encontra pessoas que fizeram sucesso e pessoas que não são nada". A partir de 2020, a pandemia de coronavírus acabou com os protestos em uma nova França de confinamentos e de máscaras. Sua gestão personalista da pior crise desde a Segunda Guerra Mundial rendeu ataques da oposição e, apesar da resistência inicial da população, soube ganhar sua confiança e impôs medidas polêmicas, como o passaporte sanitário.
No segundo mandato, uma das metas será completar seu ambicioso programa de reformas interrompido pela pandemia, em linha com o que é recomendado pela Comissão Europeia para estabilizar sua economia, principal preocupação dos franceses. Entre suas promessas para transformar a França, estão o "renascimento" da energia nuclear, alcançar a neutralidade de carbono até 2050 e aumentar a idade de aposentadoria de 62 para 65 anos, embora tenha se declarado disposto a elevar a idade para 64 anos, em uma tentativa de atrair o eleitorado de esquerda.
Ao mesmo tempo, a Europa também não é mais a mesma, com os olhos voltados para a guerra na Ucrânia, no início de uma corrida armamentista, envolta em uma diplomacia de alto risco e com fantasmas que pareciam exorcizados, como a ameaça nuclear.