Com diferentes funções, o arranjo de três organismos se reuniu nesta quinta-feira (24), dia que marca um mês da guerra na Ucrânia, para debater como frear os anseios da Rússia de Vladimir Putin.
São eles a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a aliança militar do Ocidente, que reúne 30 países; o G7, grupo das sete maiores economias do planeta (EUA, Alemanha, Canadá, França, Itália, Reino Unido e Japão); e o Conselho Europeu, instância política da União Europeia (UE) que congrega os chefes de Estado do bloco.
Essa "sopa de letras e números" reúne o que o Ocidente tem de mais pesado em termos de regimes e arranjos militar, econômico e político. Possivelmente os três órgãos têm mais poder, na prática, de conseguir pressionar Putin do que o próprio Conselho de Segurança das Nações Unidas - até porque, no órgão da ONU, Rússia e China dispõem de poder de veto.
As três reuniões ocorrem no mesmo dia em Bruxelas, na Bélgica, e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, participa de todas - pela primeira vez, convidado pelo Conselho Europeu, o que dá caráter excepcional ao encontro.
A Rússia mexe com os medos do Ocidente. E, em discurso, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, sabe como tirar proveito desses temores. Disse, por exemplo, que Putin pretende avançar sobre outros países do Leste Europeu, como a Polônia, membro da Otan e da UE mais vulnerável neste momento.
Acho difícil que Putin tente reconstituir a zona de influência da antiga URSS (não que não sonhe com isso) . O imponderável, como se sabe, joga a favor do presidente russo. E uma coisa é certa: a Ucrânia e Belarus são a última fronteira da nova cortina de ferro. Para ali, a Otan não passa.
Mas voltemos ao medo. Putin testa todos os limites do Ocidente. Com base nesses temores, a Otan anunciou deslocamento de tropas para três novos pontos adicionais de forças aliadas na Bulgária, Romênia e Eslováquia.
Também decidiu manter o apoio militar à Ucrânia por meio do envio de novas armas de defesa, drones e equipamentos de assistência marítima e aérea, mas não vai dar os aviões de combate e tanques que Zelensky desejava - essa linha vermelha a aliança não ultrapassa porque seria entendido pela Rússia como envolvimento direto no conflito.
As novas sanções econômicas anunciadas pelos Estados Unidos atingem 328 deputados russos e 48 empresas de defesa. Mas segue eximindo o setor energético, do qual boa parte da Europa é dependente.
Já há fissuras no bloco europeu, com países (menos dependentes da Rússia) sugerindo punições mais duras, e sinais incômodos de algumas nações (como a Hungria) sobre como lidar com o êxodo de refugiados.
Se no front o prolongamento da guerra complica para Putin, no aspecto político quanto mais o conflito demorar para acabar melhor para o presidente russo. Mais ele fragiliza as relações entre os europeus.