A essa altura, Sebastián Piñera, presidente do Chile, pode se considerar um sobrevivente político. Ele acaba de escapar do segundo processo de impeachment em menos de dois anos. Na noite de terça-feira (15), o Senado chileno rejeitou a proposta, que já havia passado na Câmara, na semana passada. O resultado já era esperado, uma vez que a oposição não tinha assentos suficientes para converter em votos a favor da medida.
Eram necessários dois terços da casa para afastar o presidente (29 entre 43 senadores). Na primeira acusação, com relação à violação aberta da Constituição e das leis, a proposta foi rejeitada por 24 votos a favor e 18 contrários (além de uma abstenção). A segunda, que o acusava de sério comprometimento da honra da nação, foi afastada por 22 votos a favor, 20 contra, e uma abstenção.
O caso envolvia a denúncia levantada pela série de reportagens Pandora Papers, que revelou a venda, por Piñera, da mina Dominga, em 2010, com dinheiro depositar em paraíso fiscal.
O presidente já havia escapado do impeachment em 2019, no auge dos protestos no país por mais igualdade social. Na ocasião, ele era acusado de violação de direitos humanos, ao colocar tropas nas ruas e responder às manifestações com truculência.
O processo ocorre a quatro dias da eleição presidencial. Piñera não concorre, mas a crise política já provocou estragos na candidatura de seu afilhado político, Sebastán Sichel. Enquanto isso, a disputa se polariza entre o candidato da extrema-direita, José Antonio Kast, e da esquerda, Gabriel Boric
O primeiro turno ocorre no domingo. O segundo, será às vésperas do Natal, em 19 de dezembro.