A China, país onde o coronavírus surgiu, e a Organização Mundial da Saúde (OMS), entidade internacional responsável por políticas globais na área sanitária, agiram muito lentamente quando a covid-19 começou a se alastrar, em dezembro de 2019. É o que revela um comitê chamado Panel for Pandemic Preparedness and Response (Painel Independente para Preparação e Resposta à Pandemia), com sede na Suíça. "O que está claro para o painel é que as medidas de saúde pública poderiam ter sido aplicadas com mas vigor pelas autoridades de saúde locais e nacionais na China, em janeiro", informa o relatório.
O primeiro caso foi registrado em Wuhan entre 12 e 29 de dezembro de 2019, conforme as autoridades locais chinesas. Só foi comunicado à OMS depois de 31 de dezembro. E a cidade só entrou em lockdown quase um mês depois, em 23 de janeiro de 2020, quando o coronavírus já havia se espalhado para Japão, Coreia do Sul e Tailândia.
O painel é formado por especialistas em saúde pública e liderado pela ex-primeira-ministra da Nova Zelândia Helen Clark e pela ex-presidente da Libéria Ellen Johnson. O relatório, o segundo publicado pelo comitê desde sua criação, também critica a OMS pela demora em atender em reagir aos alertas dado por pesquisadores e profissionais de saúde. Embora tenha sido alertada em dezembro de 2019 sobre o surgimento de um vírus até então desconhecido, a entidade não se reuniu até a terceira semana de janeiro para debater o tema e só declarou emergência de saúde internacional no dia 30 daquele mês. A OMS só declarou pandemia em 11 de março, quando alguns especialistas e a mídia já havia adotado o termo. Àquela altura, o mundo já contabilizava 118 mil casos e mais de 4 mil mortes.