Até agora único continente do planeta poupado do coronavírus, a Antártica pode ter registrado nos últimos dias os primeiros casos de covid-19.
O alerta soou depois que integrantes da base Bernardo O'Higgins, da marinha chilena, localizada na Península Antártica, precisaram ser submetidos a exames para diagnóstico do vírus após apresentarem sintomas da doença. As suspeitas cresceram depois da confirmação de pelo menos três casos positivos na tripulação do navio Sargento Aldea, que, entre os dias 27 de novembro e 10 de dezembro, esteve no continente gelado. Toda a tripulação da embarcação, composta por 208 marinheiros, está em quarentena no porto de Talcahuano, no Chile.
Conforme o jornal La Prensa Austral, de Punta Arenas, trocas de comunicações entre a base e as autoridades de Saúde chilena dão conta de que uma pessoa na Antártica estaria com dores musculares e foi submetida à exame de PCR. Até a tarde desta sexta-feira (18), o governo chileno não havia informado o resultado do teste.
Porém, autoridades afirmaram que estariam enviando uma equipe ao continente para verificar a situação sanitária nas instalações do país. Além de O'Higgins, o Chile conta com outras três bases permanentes na Antártica, entre elas Eduardo Frei, na Ilha Rey Jorge, cuja pista costuma ser utilizada pela Força Aérea Brasileira (FAB) para pousos e decolagens das aeronaves nas expedições do Projeto Antártico Brasileiro (Proantar).
- Um surto de covid-19 em uma estação antártica seria preocupante, não só devido à dificuldade de combate em um lugar fechado e isolado, mas também devido aos riscos (ainda em investigação) de passar para espécies de mamíferos marinhos, como focas, elefantes-marinhos, que habitam o continente - explica o glaciologista da UFRGS Jefferson Simões, vice-presidente do Comitê Internacional de Pesquisa Antártica.
Diante da pandemia, a maioria dos países suspendeu suas operações de pesquisa na Antártica ou as reduziu bastante. No entanto, equipes de manutenção seguem viajando. No caso do Brasil, que inaugurou a nova Estação Comandante Ferraz em janeiro, os militares que integram o Grupo Base foram substituídos no último dia 4, ao final de 13 meses de missão. Os novos tripulantes de Ferraz passaram por quarentena antes de chegarem à Antártica. A coluna enviou questionamentos ao Comando da Marinha, em Brasília, sobre a situação sanitária na estação brasileira e aguarda posicionamento.