A um olhar apressado, a média das pesquisas nacionais computadas pelo site Real Clear Politics, é motivo para otimismo entre os apoiadores de Joe Biden. O democata aparece com vantagem: 6,8 pontos à frente de Donald Trump (50,7% a 43,9%).
Cautela, entretanto, é um dos aprendizados da eleição de 2016, quando a vitória do republicano surpreendeu o mundo. Primeiro porque, no complexo sistema eleitoral americano, de eleição indireta pelo colégio eleitoral, pesquisas nacionais têm pouco valor. E, segundo, mesmo nos Estados, elas podem errar.
Há quatro anos, o erro na amostragem da maioria dos institutos de pesquisa deixou de captar o sentimento de um grupo social fundamental para a eleição de Trumpp: o homem branco, hétero, sem Ensino Superior, morador do Meio-Oeste, a América profunda. O eleitor ressentido com os políticos tradicionais, desempregados e cansados das elites universitárias das costas leste e oeste.
Em 2016, a essa altura do campeonato, Hillary Clinton liderava os levantamentos em Pensilvânia, Michigan e Wisconsin, mas, ao final da terça-feira, 8 de novembro, acabou perdendo nesses Estados. Sinal de que o eleitor democrata dessas regiões, que haviam consagrado Barack Obama em 2008 e em 2012, haviam abandonado o partido. Ohio já havia sinalizado essa mudança em 2012, quando deu seus 18 delegados no colégio eleitoral a Mitt Romney, o candidato republicano. Temperamental, a Flórida, que costuma ungir ou sepultar pretensões de conquistar a Casa Branca, também mudara de humor nos quatro anos seguintes e daria seus 29 delegados a Trump.
Em Michigan e Wisconsin, a vantagem de Biden em 2020 está mais consolidada, entre cinco e seis pontos de vantagem em relação ao presidente republicano. Mas Flórida, Pensilvânia e Ohio (onde Biden está à frente, mas seu favoritismo fica dentro da margem de erro) sugerem evitar o clima de já ganhou. O futuro dos EUA irá na direção para onde esses três Estados apontarem.