Em sua manifestação de seis minutos durante a reunião de chefes de Estado na cúpula do Mercosul, que ocorre nesta quinta-feira (2) de forma virtual, por causa da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro defendeu a modernização do bloco econômico e salientou as reformas em busca de um "Estado mais eficiente e economia mais dinâmica".
O encontro, que deveria ocorrer em Encarnación, no Paraguai, está acontecendo por videoconferência, coordenada pelo presidente paraguaio e pró tempore do bloco, Mario Benítez.
No pronunciamento, Bolsonaro explicitou a intenção brasileira de avançar com novos tratados de livre comércio com nações como Canadá, Líbano e Coreia do Sul e de abrir novas frentes de negociações com outros países asiáticos e com nações do Caribe e aprofundar tratados já existentes, como com Israel. Esse é um dos pontos de divergência com o governo argentino, que recentemente anunciou que não participará de novos acordos em bloco, na contramão do que desejam não apenas Brasil, mas também Paraguai e Uruguai.
O único momento em que Bolsonaro citou a Argentina, do presidente Alberto Fernández, foi na saudação inicial. O clima entre os dois presidentes, por divergências ideológicas, é de frieza. Até o momento os dois não se encontraram, e rixas das campanhas eleitorais nos dois países permanecem.
Bolsonaro destacou a necessidade de desfazer o que chamou de "opiniões distorcidas sobre o Brasil" e da necessidade de destacar "ações (do governo brasileiro) sobre proteção na Amazônia e defesa dos povos indígenas". Na terça-feira (30), o presidente francês, Emmanuel Macron, reforçou que o país não assinará acordos com nações que não defendam o Tratado de Paris sobre mudanças climáticas. A falta de garantias de proteção ambiental no acordo entre Mercosul e União Europeia (UE) é um dos principais entraves à concretização do acerto, visto com reservas por vários países do Velho Continente.
Ao citar a pandemia, o presidente brasileiro destacou como desafio principal dos próximos meses "conciliar a saúde e o imperativo de recuperar a economia".
- O Mercosul é parte da solução que estamos construindo - afirmou.
Ao final, reservou uma frase para a Venezuela, ao desejar que o país "retome o quanto antes o caminho da liberdade".
Nesta cúpula, o Paraguai passará a presidência pró tempore do Mercosul ao Uruguai, que, esta semana, em plena cúpula, assistiu à demissão de seu chanceler, Ernesto Talvi, por divergências políticas com o presidente Luis Lacalle Pou.