A reunião anual da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) será inaugurada, como orienta a tradição, pelo presidente brasileiro na manhã desta terça-feira (24), em Nova York.
Será a estreia de Jair Bolsonaro no palco internacional. Mas muitos outros assuntos estão na agenda. Veja um guia para acompanhar os pronunciamentos dos chefes de Estado e de governo pelos próximos dias.
Bolsonaro e a Amazônia
Em seu discurso, Bolsonaro deve reforçar a soberania nacional sobre a Amazônia, depois da crise provocada pelos incêndios na floresta e a reação tardia do governo, que levaram líderes aventar a ideia da internacionalização da região.
O mundo aguarda com expectativa o posicionamento brasileiro sobre ambiente. O presidente deve reforçar a narrativa de nova política externa do país, que qualifica como "desideologizada", e ressaltar alianças com Estados Unidos e Israel. O Itamaraty monitora riscos de boicote ao discurso, especialmente em temas sensíveis como a questão palestina e os direitos humanos.
Boris Johnson e o Brexit
A fala do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, em meio às férias forçadas que ele próprio impôs ao parlamento será determinante para sinalizar ao mundo os rumos do Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia.
Ele terá a oportunidade de se reunir com muitos de seus colegas representantes da UE, que olham com desconfiança para a ruptura britânica. A saída do Reino Unido está prevista para 31 de outubro. Ganha força a ideia de um divórcio litigioso.
Tensão no Golfo
Os ataques a refinarias de petróleo da Arábia Saudita, no dia 14, deverão ser abordados por vários Estados-membros da ONU, principalmente os que têm interesses econômicos naquele país. A reação da comunidade internacional até agora tem sido por vias diplomáticas e econômicas, com a imposição de mais sanções ao Irã, apontado pelos EUA como artífices da ação. A fala do representante saudita será importante porque pode sinalizar se o reino pretende retaliar os rebeldes houthis que reivindicaram os ataques - aprofundando a guerra no Iêmen - ou atacar o Irã.
Trump e a reeleição
O pronunciamento do presidente dos Estados Unidos, habitualmente o segundo a falar por ser o anfitrião do encontro, costuma ser um indicativo sobre os rumos da paz e da guerra no planeta. De olho na reeleição no ano que vem, Donald Trump deve ressaltar o crescimento econômico e o baixo desemprego no país.
No plano externo, deve condenar ações do Talibã, no Afeganistão, com quem rompeu negociações, e reforçar parcerias estratégicas com monarquias do Golfo, como a Arábia Saudita. É importante prestar atenção sobre o que irá dizer sobre o Irã, acusado de ter lançado os drones contra os sauditas no dia 14.
Trump tentará mostrar ao mundo sua face pacificadora — o diálogo com a Coreia do Norte é seu grande trunfo. A demissão de um dos falcões da Casa Branca, John Bolton, do cargo de conselheiro de Segurança Nacional é um indicativo de que pretende evitar agressões no plano externo. Citações genéricas sobre regimes antidemocráticos, como a Venezuela, devem aparecer.
Macron e o ambiente
O presidente da França chegará ao encontro anual de líderes mundiais com o objetivo de mediar a crise entre EUA e Irã e concretizar sua iniciativa para proteger a Amazônia, lançada durante a última reunião do G-7 em Biarritz.
O enfrentamento com Bolsonaro pode ter um novo capítulo em Nova York, mas, além disso, Macron será uma das vozes europeias mais importantes na Assembleia-Geral, em um momento complexo para o bloco comunitário por questões como o Brexit. Ele tem se posicionado como grande líder europeu e defensor da social-democracia, em oposição a movimentos de extrema-direita e eurocéticos.
Os ausentes
O líder da Venezuela, Nicolás Maduro, não participará da Assembleia Geral da ONU, no momento em que trava uma luta pelo poder com o líder opositor Juan Guaidó. A Venezuela será representada pela vice-presidente, Delcy Rodríguez, e pelo chanceler, Jorge Arreaza.
Benjamin Netanyahu também não irá. O primeiro-ministro israelense luta para formar um governo em Israel, depois que a eleição de terça-feira, 17, terminou em impasse. No país, ele também é alvo de processos por corrupção. Miguel Díaz-Canel, de Cuba, Vladimir Putin, da Rússia, e Xi Jinping, da China, também não irão.