O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira (10) que demitiu seu assessor de segurança nacional, John Bolton, dizendo estar em forte desacordo com muitas das posições do político veterano, muito duro a respeito da Venezuela, Cuba, Irã, Rússia e Coreia do Norte.
"Ontem à noite informei John Bolton que seus serviços não são mais necessários na Casa Branca. Estava fortemente em desacordo com muitas de suas sugestões, assim como de outros no governo, e, portanto, pedi sua demissão, que me foi entregue esta manhã", escreveu Trump no Twitter.
O presidente disse que nomeará seu substituto na próxima semana.
A notícia, conhecida dias depois de Trump revelar o cancelamento de conversas secretas com o Talibã no Afeganistão, surpreendeu Washington.
Conhecido por seus notórios bigodes, Bolton é uma figura controversa por seu estreito vínculo com a invasão do Iraque e foi considerado um dos principais impulsionadores da abordagem dura de Trump em relação ao Irã, Venezuela, Cuba, Nicarágua e Coreia do Norte.
- Demissão ou renúncia -
Como é frequentemente o caso na presidência de Trump, a partida abrupta do conselheiro de segurança nacional parecia marcada pelo caos.
O próprio Bolton apresentou sua versão dos fatos, o que parece contradizer a do presidente.
"Eu me ofereci para renunciar ontem à noite e o presidente Trump disse: 'Vamos falar sobre isso amanhã'", tuitou Bolton.
Bolton foi o terceiro consultor de segurança nacional de Trump e se junta a uma série de altos funcionários que vieram e se foram durante o tumultuado primeiro mandato do empresário republicano.
Trump, que tem o hábito de anunciar grandes notícias em sua conta pessoal no Twitter, revelou a demissão por volta do meio-dia.
A assessoria de imprensa da Casa Branca, no entanto, parecia não ter conhecimento do anúncio presidencial.
Chegou a enviar uma mensagem anunciando que Bolton em breve daria uma conferência de imprensa sobre questões de terrorismo ao lado do Secretário de Estado Mike Pompeo.
O próprio Bolton contestou a versão dos eventos de Trump, dizendo que o presidente não o demitiu pessoalmente.
Um jornalista da Fox News disse que recebeu um texto de Bolton no qual enfatizava: "Vamos ser claros: pedi demissão".
- Contrapeso -
Trump assumiu o cargo prometendo libertar os Estados Unidos dos emaranhados militares.
Bolton era frequentemente visto como oferecendo um contrapeso que Trump teoricamente levaria em consideração.
"Ele tem opiniões fortes sobre as coisas, mas tudo bem. Lido bem com John, o que é muito legal", declarou Trump em maio passado.
Pompeo comentou nesta terça sobre suas inúmeras divergências com o ex-conselheiro de segurança nacional. "Muitas vezes ele e eu não concordávamos, isso com certeza", declarou durante a coletiva na Casa Branca após a divulgação da notícia.
"Mas trabalhamos em estreita colaboração com o presidente", enfatizou, no entanto.
Rob Malley, presidente da consultoria International Crisis Group, disse que a saída de Bolton poderá realinhar a política da Casa Branca no Afeganistão, Irã, Coreia do Norte e Venezuela.
"Trump tinha duas vozes sussurrando em seus ouvidos: uma aconselhando a diplomacia e alertando contra o conflito, a outra recomendando beligerância", explicou.
"Com a saída de Bolton, a segunda voz inegavelmente perdeu sua maior força", acrescentou.
O proeminente senador republicano Rand Paul concordou no Twitter: "O presidente tem grandes instintos em política externa e quer encerrar nossas guerras sem fim. Ele deve ser servido por aqueles que compartilham dessa opinião".
* AFP