Não se tem notícia de que Donald Trump tenha publicado no Twitter algum vídeo pornográfico, mas o presidente americano descobriu, bem antes de Jair Bolsonaro, o poder da rede social — para o bem e para o mal.
Hoje, a conta de Trump (@realDonaldTrump) tem 58 milhões de seguidores — 55 milhões a mais do que Bolsonaro (@jairbolsonaro) —, mas até 2009 o americano quase não usava sequer computador. Cada postagem do bilionário hoje gera média de 20 mil retuítes, segundo um estudo da empresa de relações públicas Burson Cohn & Wikf (BCW) no final de 2018.
Um dos nomes por trás da alfabetização digital do americano é Justin McConney que, de 2011 até ao final de 2017, foi o responsável pelas redes sociais e consultor de marketing da Organização Trump. Aos 24 anos, ele sugeriu uma nova estratégia para o Twitter com envolvimento direto de Trump. Deu certo. Dizem que o bilionário hoje presidente gostou tanto que virou um tuiteiro inveterado, a ponto de uma das primeiras atividades de sua manhã, ao acordar, é tuitar.
Ordens, anúncios oficiais, demissões foram colecionadas nesses dois anos de mandato, tanto que a maioria dos jornalistas que cobre a Casa Branca tem um alerta em seu smartphone para cada vez que o tuiteiro-em-chefe da nação lançar um de seus petardos.
Muitas vezes, Trump antecipa pelo Twitter decisões nem sempre amarradas com todos os órgãos envolvidos na questão. Também não é incomum deflagrar rixas internacionais com declarações irresponsáveis.
Sobra ainda para os inimigos internos. Em 2016, na disputa das primárias republicanas, chamou seu rival, senador Ted Cruz, de Ted mentiroso. Uma vez tendo passado para suas fileiras, o aliado agora é chamado de Ted bonito.
Hillary Clinton, adversária derrotada em 2016, é chamada de "Crooked Hillary" (algo como "Hillary desonesta"). Há tempos ele a chama assim. Na terça-feira (5), por exemplo, quando comentou o anúncio da democrata de que não pretende concorrer nas eleições de 2020, ele afirmou: "Puxa vida, quer dizer que não vou disputar (a eleição) contra ela de novo? Sua ausência será muito sentida!". Antes da frase, tascou uma "crooked" entre parênteses.
Em janeiro, Trump ofendeu o dono da Amazon, Jeff Bezos, chamando-o de "Jeff Bozo": "Sinto muito em ouvir as notícias sobre Jeff Bozo ser derrubado por um competidor cuja reportagem, eu entendo, é muito mais acurada do que as reportagens de seu jornal lobista, o Amazon Washington Post. Esperançoso de que a publicação vá em breve parar em melhores e mais responsáveis mãos!", afirmou.
Também houve gafes. Após um tiroteio na Califórnia, Trump tuitou a mesma mensagem que havia postado sobre o massacre no Texas. Faltou criatividade? Sim. E também atenção, já que ele se esqueceu de mudar o nome da cidade. Em outro tuíte, Trump referiu-se a Paris (capital francesa) complementando com um "Alemanha": "Homem atingido por tiro dentro de delegacia de Paris (…). A Alemanha hoje é uma total bagunça _ crime grande. Fique esperto!".
Nesses dois anos de governo Trump, foram tantas as ordens e decisões anunciadas pelo Twitter, que alguns veículos de comunicação americanos, como a rede CNN, decidiram criar uma página chamada "All the president's tweets" (Todos os tuítes do presidente). O título é referência ao filme Todos os homens do presidente, que mostra a histórica série de reportagens do The Washington Post, que escancarou o escândalo Watergate, durante o governo Nixon, em 1972. Veja aqui
Não faltam agressões a adversários - inclua-se aí a imprensa profissional - e palavras de baixo calão.
Ok, não há vídeos pornôs, golden shower etc em seu Twitter - ao menos não os encontrei desde que acompanho Trump pelas redes. Se alguém aí achar um, avise nos comentários aí abaixo. Nesse quesito, Bolsonaro segue insuperável.