"O Brasil tornou-se no domingo o mais recente país a se deslocar para a extrema direita, elegendo um populista estridente como presidente na mudança política mais radical do país desde que a democracia foi restaurada há mais de 30 anos."
Assim o The New York Times, um dos mais importantes jornais do mundo, abriu sua reportagem na noite deste domingo sobre a eleição de Jair Bolsonaro, do PSL. Em seguida, o texto destaca que o presidente eleito "exaltou a ditadura militar do país, defendeu a tortura e ameaçou destruir, prender ou exilar seus opositores".
O Times também destaca que Bolsonaro vai assumir o comando da maior nação da América Latina como o presidente mais à direita do que qualquer outro da região. A direita tem presidentes em Argentina, Chile, Peru, Paraguai e Colômbia. O jornal ainda o compara a vários políticos de extrema-direita que ascenderam ao poder recentemente, como o vice-primeiro-ministro da Itália, Matteo Salvini, e o primeiro-ministro Viktor Orbán, da Hungria.
— Esta é uma mudança realmente radical _ disse ao Times Scott Mainwaring, professor da Kennedy School of Government, da Universidade de Harvard. _ Não consigo pensar em um líder mais extremista na história das eleições democráticas na América Latina que foi eleito — acrescentou.
Também nos Estados Unidos, a rede CNN destacou a vitória do candidato em uma das campanhas políticas mais polarizadoras e violentas da história do Brasil. "A recessão prolongada, a crescente insegurança e um enorme escândalo de corrupção que abalou as instituições políticas e financeiras estavam entre os muitos problemas", destacou a emissora.
A rede afirma que a nação está dividida, salientando o temor de que a eleição de Bolsonaro possa levar a mais discriminação e crimes de ódio.
Em nível internacional, Bolsonaro é comparado ao presidente dos EUA, Donald Trump, e das Filipinas, Rodrigo Duterte.
No Reino Unido, o Independent destacou a fala de Bolsonaro.
— Vamos mudar o destino do Brasil.
O jornal britânico que traz a vitória do capitão reformado do Exército em sua capa disse ainda que milhares de partidários de Bolsonaro reuniram-se no bairro da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, onde fica a residência de Bolsonaro.
"Na capital comercial do Brasil, São Paulo, a vitória de Bolsonaro foi recebida com fogos de artifício e buzinas de carros", afirma a inda o texto.
O Independent acrescenta que muitos brasileiros estão preocupados que Bolsonaro, "um admirador da ditadura militar brasileira de 1964-1985 e um defensor de seu uso de tortura em opositores esquerdistas", atropele os direitos humanos, reduza as liberdades civis e ameace a liberdade de expressão.