1) De olho no resultado
A eleição transcorre com normalidade. Até o meio-dia, mais eleitores compareceram às urnas (19%) do que no último pleito, em 2013, quando até este horário, apenas 14% tinham votado. O voto não é obrigatório. As urnas estão abertas entre 7h e 23h. Ou seja, teremos apenas algum resultado a partir das 19h pelo horário de Brasília. Alguma consolidação somente na tarde de segunda-feira.
2) A boa notícia
A eleição é importante para a Europa, traumatizada por medidas populistas e nacionalistas como o Brexit e a crise separatista na Catalunha. A Itália é a terceira maior economia da União Europeia (já excluindo o Reino Unido, que pediu para sair). Neste domingo, pelo menos uma boa notícia: líderes europeus respiraram aliviados depois que o SPD (Partido Socialdemocrata Alemão) aprovou o governo de coalização, que mantém Angela Merkel no poder e coloca fim a mais de cinco meses de paralisação política na primeira economia do continente.
3) Berlusconi de novo?
Voltando à Itália, você deve estar se perguntando: e o imortal Silvio Berlusconi pode ser eleito primeiro-ministro? A resposta é não. Ele foi condenado por corrupção e não pode concorrer. Mas nem por isso está ausente. Seu partido, Força Itália, é um dos favoritos para vencer neste domingo. Mesmo assim, não deve conseguir maioria no parlamento. Isso obrigará a legenda a governar por meio de uma coalizão – assim como na Alemanha. Há um acordo entre quatro partidos de centro-direita segundo o qual aquele que for o mais votado indicará o primeiro-ministro. Deve ser o Força Itália, e aí Berlusconi tem o seu queridinho: Antonio Tajani, presidente do parlamento europeu. Ou seja, Berlusconi não governará, mas estará no poder, indiretamente.
4) Ítalo-brasileiros
Uma curiosidade das eleições no país é que ítalo-brasileiros puderam votar. É o único país que reserva vagas em seu parlamento para representantes fora de seu território — seis senadores e 12 deputados em todo o mundo. Por meio do voto por correio, os italianos residentes na América do Sul estão ajudando a eleger dois senadores e quatro deputados. Vinte e quatro candidatos brasileiros ou italianos residentes no Brasil disputam as vagas ao parlamento da Itália na região da América do Sul. No Rio Grande do Sul, segundo Estado com maior número de ítalo-brasileiros, são cerca de 70 mil eleitores.
5) O que pautou a eleição
Como na França e na Alemanha – últimas eleições de alto impacto na Europa –, o tema da imigração dominou o debate político na Itália. O Liga (uma versão repaginada da Liga Norte que nos anos 1990 apavorou muitos por suas visões racistas e separatistas) tem uma agenda anti-imigrante. Se ganhar, a Força Itália, de Berlusconi, promete deportar 600 mil. A economia, obviamente, também pautou a campanha. O PIB italiano deve crescer apenas 1,5% em 2018. O desemprego é de 11% – mas na faixa de quem tem até 25 anos chega a 33%.