Ele faz anúncios de governo pelo Twitter, considera a imprensa sua inimiga, ameaça com “fogo e fúria” rivais e deixa aliados em saia justa com decisões polêmicas.
Este é Donald Trump e assim foi boa parte de seu primeiro ano na Casa Branca. Para cumprir o “America First”, ele fechou as portas para muitos imigrantes e retirou os EUA de acordos internacionais, mas não conseguiu até agora construir o famoso muro na fronteira com o México. Trump completa neste sábado os primeiros 365 dias no poder como um dos presidentes americanos mais impopulares nesta fase do mandato. Mas comemora os bons números da economia.
A coluna faz um balanço do ano 1 da era Trump, de A a Z.
Arábia Saudita
Trump aprofundou a parceria com a família Saud, que comanda a ditadura saudita, com a qual fechou a venda de US$ 110 bilhões em armas. É o lado americano na guerra fria com o Irã pela hegemonia regional.
Bomba
Lançado há duas semanas, o livro Fire and Fury (Fogo e Fúria), de Michael Wolff, ainda provoca tremores secundários na Casa Branca. Steve Bannon, o ex-poderoso assessor, é o inimigo interno número 1 do presidente.
Coreia do Norte
A instabilidade emocional de Trump e de seu malvado favorito Kim Jong-un (“Rocket Man”, nas palavras do presidente americano) deixa o mundo em suspense com o risco de um ato intempestivo provocar uma guerra.
Desmonte
O presidente tem adotado a estratégia de passar com rolo compressor sobre o legado de Barack Obama. Existe, no entanto, uma política do democrata que ele (ainda) não conseguiu derrubar: o Obamacare.
Economia
Trump vive uma lua de mel prolongada com seus pares empresários. Em dezembro, conseguiu aprovar no Congresso a proposta de reforma tributária – o maior corte desde o realizado por Ronald Reagan, em 1986.
Fake news
Já virou clichê: sempre que não concorda com uma reportagem de um grande jornal, como The New York Times, ou emissora de TV, como CNN, Trump corre até o Twitter para acusá-la de “fake news” (notícia falsa).
Gays
Trump reverteu a pauta pró-LGBT de Obama, que previa pressão pela aprovação do casamento homoafetivo e banheiros neutros para transgêneros, além de aceitação nas forças armadas americanas.
História
Na primeira semana do ano, o índice Dow Jones atingiu um recorde histórico de 25 mil pontos, demonstrando apoio dos investidores com a economia. Em outubro, o desemprego chegou a 4,1%, o menor em 17 anos.
Irritação
Reações descontroladas tornaram a saúde mental do presidente assunto de interesse público. Trump foi submetido a um teste de avaliação cognitiva. O médico da Casa Branca disse que sua saúde está “excelente”.
Jerusalém
Provocando críticas de boa parte da comunidade internacional, Trump reconheceu Jerusalém como capital de Israel. Israelenses aplaudiram, e palestinos agora negam a Washington o papel de mediador.
Kislyak
Três dos principais assessores do presidente se reuniram com Sergei Kislyak, o embaixador russo no centro das suspeitas sobre a influência do Kremlin na vitória do republicano sobre Hillary Clinton, em 2016.
Latinos
A América Latina segue não sendo prioridade dos EUA, mas há pontos de atenção, como Venezuela e Cuba. Trump já disse que irá cancelar o acordo histórico de reaproximação com o governo cubano.
Muro
Importante promessa de campanha, a construção do muro na fronteira com o México ainda não se concretizou. A ordem executiva para iniciar a obra foi assinada cinco dias após a posse, mas falta dinheiro.
Novela russa
Suspeitas sobre a influência russa na eleição são o ponto mais espinhoso de seu governo. Há muitas fofocas e poucas certezas. O caso está sendo investigado pelo promotor especial Robert Mueller.
Otan
Trump passou o primeiro ano cobrando dos países-membros por “não pagarem o que devem”. Emmanuel Macron, na França, e Angela Merkel, na Europa, lideram o bloco anti-Trump em uma Europa cheia de desconfiança.
Portas fechadas
A ação mais comentada e polêmica em termos de imigração foi o fim da recepção a refugiados e o banimento da entrada de viajantes de diversos países, a maior parte deles com população de maioria muçulmana.
Queda
Trump tem um dos mais baixos índices de aprovação para um presidente em primeiro ano de mandato: 37%. Bill Clinton tinha 48%, Barack Obama, 53%, e George W. Bush, 87%, turbinados pelo 11 de setembro de 2001.
Retirada
Trump retirou os EUA do Acordo de Paris sobre o clima, do tratado Transpacífico de Cooperação Econômica, da Unesco e do Pacto Global sobre Migração. Também já disse que não cumprirá o acordo nuclear com o Irã.
Shithole
A portas fechadas, teria questionado por que os EUA não recebem imigrantes da Noruega, e apenas de “países de merda” (shithole, em inglês), citando nominalmente Haiti, El Salvador e “países africanos”.
Twittermaníaco
Com quase 47 milhões de seguidores – ele segue apenas 45 –, Trump tem no Twitter sua principal ferramenta de comunicação. Manifesta-se frequentemente pela rede e já anunciou medidas importantes em 140 caracteres.
Último capítulo
O governo Trump deu prosseguimento à luta contra os terroristas do Estado Islâmico, que está praticamente neutralizado no Iraque. A última batalha será a Síria, mas lá quem está ganhando terreno é a Rússia.
Venezuela
A nação de Nicolás Maduro, a quem o americano chama de ditador, é a principal preocupação de Trump na América Latina. Ele já disse que não descarta uma ação no país. Maduro respondeu com exercícios militares.
Wrestling
Como se fosse praticante de wrestling, a luta livre profissional, o presidente publicou uma montagem em que aparece agredindo um homem, cujo rosto foi substituído pelo logotipo da CNN. Foi visto como incentivo à violência contra jornalistas.
Xerifão
Em uma ação bélica impressionante, o presidente ordenou a retaliação ao ataque com gás sarín feito pelo governo sírio contra sua própria população. Foram 59 mísseis que atingiram alvos militares de Bashar al-Assad.
Yankee
Trump cumpriu a promessa de colocar em prática seu mantra “America First”. Radicalizou a ideia de restaurar, na visão da América branca, o papel do país, desdenhando de pactos internacionais e sem colaboração externa.
Zoom
Em 30 de janeiro, será dia de prestar atenção à fala do presidente no seu primeiro discurso sobre o Estado da União, o tradicional pronunciamento, no Congresso, sobre como estão os trabalhos do governo.