A bomba de hidrogênio explodida pela Coreia do Norte neste domingo é a mais poderosa já testada pela ditadura comunista – fala-se em entre 10 e 20 vezes mais potente do que versões anteriores já desenvolvidas pelo governo Kim Jong-un. Tão forte que chegou a provocar um terremoto de magnitude 6,3 na área da explosão.
O problema do teste não é o ineditismo. É o sexto com armas com capacidade de grande destruição que a dinastia Kim explode em sua série de arroubos militaristas. O que preocupa o mundo é o momento em que ocorre a detonação, no auge de uma escalada sem precedentes de tensão entre o regime norte-coreano e os EUA. Na semana passada, um míssil norte-coreano sobrevoou o norte do Japão. Em claro ato dissuasivo, caças americanos fizeram voos rasantes sobre a fronteira entre as duas Coreias, uma das áreas mais militarizadas do planeta.
Muita dessa preocupação se deve à imprevisibilidade dos dois líderes que estão à frente dessas nações: Kim, um ditador em busca de afirmação, e Donald Trump, um presidente temperamental e disposto a agir – apesar dos freios a que o presidente está sujeito nos EUA para levar o país a uma guerra, como comentei na coluna do fim de semana.
O discurso de Trump é todo direcionado para fazer crer que a Coreia do Norte é uma ameaça aos EUA ("Apaziguamento não funciona com a Coreia do Norte", disse neste domingo) – argumento que poderia justificar a decisão de um ataque preventivo contra o país, por exemplo. Na verdade, nas nações mais vulneráveis a um ataque norte-coreano são aquelas mais próximas, como Japão e Coreia do Sul, ambos aliados americanos.
Nas horas que se seguiram à detonação do artefato norte-coreano, chama a atenção a condenação por parte de Rússia e China, tradicionais aliados estratégicos dos norte-coreanos. Por interesses, capacidade de persuasão e aproximações ideológicas, só Vladimir Putin e Xi Jinping têm condições de frear os arroubos de Kim. O ensaio deste domingo nos deixa mais próximos de uma guerra.