As eleições na Itália, realizadas em 1004 municípios no fim de semana, é um bom termômetro sobre a quantas anda o humor dos italianos com os políticos. Algumas conclusões:
O ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, apesar de todas as suspeitas de corrupção e investigações na Justiça, não morreu politicamente. A aliança de seu partido, Forza Italia, com a Liga Norte, formando uma chapa de direita, mostrou força ao conquistar Gênova, bastião histórico da esquerda desde a II Guerra Mundial.
O Partido Democrático (centro-esquerda), do ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, candidato a voltar ao cargo, foi o maior derrotado.
Os italianos andam descrentes com a política tanto quanto os brasileiros. A participação de 46% dos eleitores ficou bem abaixo do esperado.
A direita venceu em 16 das 22 principais cidades. Além de Gênova, ganhou em La Spezia, Verona e Piacenza. A esquerda venceu em Pádua e Lucca.
O próximo embate será a eleição legislativa, que irá renovar o parlamento - e, consequentemente, a chefia de governo. Os italianos vivem um dilema entre manter o calendário eleitoral, com pleito previsto para maio de 2018 ou antecipar para 2017, no caso, na mesma data da eleição na Alemanha, 24 de setembro. Essa opção é defendida pelo Partido Democrático para pegar onda no favoritismo de Angela Merkel, no vizinho europeu. O debate mostra também como as atenções da política no continente começam a se voltar para a disputa alemã - maior economia europeia e principal contraponto, agora junto com a França de Emmanuel Macron, às políticas populistas no continente.