Não teve a caminhada de mãos dadas pela Casa Branca, como na visita da primeira-ministra Thereza May, cuja imagem viralizou, mas o encontro de Donald Trump com a chanceler alemã, Angela Merkel, nesta sexta-feira, foi menos tenso do que o esperado. Houve até sorrisos.
Após o encontro a portas fechadas, o presidente americano afirmou, em entrevista ao lado da líder alemã, que "a imigração é um privilégio, não um direito" referindo-se ao fato de Merkel ter aberto as portas de seu país aos refugiados. A decisão foi criticada por Trump durante a campanha, que chegou a tuitar: "Sempre achei que Merkel era, assim, essa grande líder. O que ela fez na Alemanha é uma doideira".
Por tudo o que foi dito antes da reunião desta sexta-feira, esperava-se um tom mais tenso. Não foi assim e, alguns momentos, até houve descontração: "Pelo menos temos algo em comum", disse Trump, ao se referir à suposta espionagem de que teria sido alvo.
Merkel foi uma das líderes alvo das escutas ilegais do NSA sob o governo Barack Obama. À época do escândalo, o presidente democrata admitiu a espionagem e chegou a proclamar diante das câmeras que não deixaria que as relações entre Alemanha e EUA fossem prejudicadas pelas atividades de inteligência. Trump, por sua vez, tem insistido que foi alvo de espionagem durante a campanha.
Nesta sexta-feira, Trump comprometeu-se com os aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), mas cobrou que os parceiros paguem o que devem.
Angela Merkel começou seu discurso com uma alfinetada: "É melhor falar um com o outro do que falar um do outro".
A Alemanha e Merkel foram tema da dura campanha eleitoral americana, com Hillary Clinton tratando a chanceler alemã como melhor amiga e exemplo e Trump desfilando impropérios contra a líder europeia.
Além de criticar a política de portas abertas de Merkel, em dezembro, quando ela foi nomeada personalidade do ano pela revista Time, Trump escreveu no Twitter que haviam escolhido a pessoa "que está arruinando a Alemanha".