A Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da Organização dos Estados Americanos (OEA), condenou as ameaças de morte sofridas pelo presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos brasileiro, o gaúcho Jair Krischke, e outras 12 pessoas no Uruguai.
Por e-mail, utilizando-se de um software que impede o rastreamento de mensagens, um grupo paramilitar de extrema-direita jurou matar, além de Krischke, o ministro da Defesa do Uruguai, Jorge Menéndez, o promotor Jorge Díaz, um jurista francês e advogados ligados à luta para levar para prisão militares envolvidos em violações e tortura durante a ditadura no país vizinho, entre 1973-1984. As ameaças foram mostradas em ZH de quarta-feira.
Com sede em Washington, nos Estados Unidos, a comissão exigiu do governo uruguaio medidas urgentes para assegurar a segurança dos integrantes da lista do chamado comando Barneix, formado por ex-oficiais e membros dos serviços de inteligência remanescentes do regime militar.
Em nota, a comissão afirmou que "ameaças e ataques contra juízes e juízas, promotores e defensores e defensores públicos têm geralmente por objetivo amedrontar e exercer pressão para afetar a imparcialidade e independência de suas atuações". Para a entidade, as ameaças são de "especial gravidade", pelo "efeito intimidador e amedrontador que esses atos podem ter sobre a vítima da agressão".
_ É importante que sejam iniciadas investigações imediatamente _ disse Francisco Eguiguren, relator da entidade, em nota enviada ao governo uruguaio.
As ameaças ganharam repercussão no Uruguai depois que o promotor Díaz, um dos membros da lista, recebeu um e-mail assinado pelo Barneix com a mensagem: "para cada suicídio de agora em diante, mataremos três escolhidos aleatoriamente da seguinte lista". Na sequência, vinha os nomes.
O comando leva o nome do general uruguaio Pedro Barneix, que se suicidou no ano passado, enquanto era processado por violações aos direitos humanos na época da ditadura.
Além de contatar a comissão, Krischke avisou a embaixada brasileira em Montevidéu. O objetivo é pressionar as autoridades uruguaias para que identifiquem os integrantes do comando Barneix. Em maio, os próprios membros da comissão interamericana estarão em Buenos Aires, na Argentina. Krischke pediu, junto com o grupo ameaçado, uma audiência com o órgão da OEA. A comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados também prometeu providências.
OS NOMES QUE CONTAM NA AMEAÇA
Jorge Menéndez, ministro da Defesa do Uruguai
Jorge Díaz, promotor
Louis Joinet, jurista francês
Jair Krischke, presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos brasileiro
María Bernabela Herrera Sanguinetti, ex-vice-chanceler do Uruguai
Mirtha Guianze, ex-procuradora-geral do Uruguai
Oscar Goldaracena, advogado
Pablo Chargoñía, advogado
Juan Errandonea, advogado
Federico Alvarez Petraglia, advogado
Juan Fagúndez advogado
Hebe Martínez Burlé, advogada
Francesca Lessa, italiana, pesquisadora da Universidade de Oxford