Para ter acesso a qualquer local onde um alto funcionário russo discursará é preciso passar por detectores de metais, há escolta militar, por vezes do serviço de inteligência, e até as paredes e mesas são revistadas à procura de grampos. A Rússia tem medidas de proteção para seus diplomatas tão rígidas quanto os americanos.
Em outras palavras, um erro muito grave de segurança permitiu que o embaixador russo Andrey Karlov fosse morto dentro de uma galeria de arte nesta segunda-feira.
Trata-se do episódio mais grave envolvendo um diplomata desde a morte do embaixador americano Christopher Stevens em Benghazi, em 11 de setembro de 2012. À época, o assassinato teve consequências na Líbia pós-Kadafi, na derrota de Hillary Clinton na eleição, porque era ela a chefe, a secretária de Estado dos EUA à época, e no futuro da Primavera Árabe.
Embora em situações e com consequências diferentes, a morte de Karlov tem um significado semelhante: é a mais alta autoridade diplomática da Rússia na Turquia, um país-chave da crise no Oriente Médio. A nação vive ecos autoritários desde o fracassado golpe militar, que o presidente Recep Tayyp Erdogan aproveitou para endurecer o regime. É também porta de entrada de milhares de refugiados da guerra síria, que a Rússia financia.
O apoio à ditadura de Bashar al-Assad, com bombardeios sistemáticos e massacres à população de Aleppo, começa a cobrar de Vladimir Putin o seu preço.