A decisão do Reino Unido de sair da União Europeia (UE), colocando em xeque o sonho europeu pós-guerra, tem impacto imediato na geopolítica mundial a curto, médio e longo prazos. Ao ver os britânicos escaparem de seu controle, o comando do bloco, com sede em Bruxelas, perde um voto poderoso no Conselho de Segurança das Nações Unidas, órgão supremo da ONU que decide entre a paz e a guerra. Agora, apenas a França será membro da UE com direito de veto no conselho.
A quem interessa uma Europa fraca?
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Primeiro: à Rússia e às ambições expansionistas de seu presidente Vladimir Putin, que tem mostrado na Ucrânia sua clara intenção de recuperar a hegemonia no Leste Europeu.
Segundo: aos grupos conservadores e xenófobos que germinam em países como Itália e Áustria, os mesmos que bradam pelo fim do espaço Schengen, pela retomada das fronteiras nacionais e pela deportação imediata dos imigrantes que chegam ao continente fugindo das guerras no norte da África e no Oriente Médio.
Terceiro: aos desejos eleitorais do candidato republicano à presidência dos EUA, Donald Trump, não por acaso uma das únicas personalidades mundiais a comemorar a sexta-feira, 24 de junho.
Pior. Silenciosamente, uma Europa fragilizada faz aflorar rixas antigas: Escócia fala em desobedecer ao plebiscito; grupelhos políticos pedem até a "independência" da cidade de Londres, que votou majoritariamente por ficar na UE.
Se em sucessivas crises havia ameaças de saltar da barca europeia, como no caso da Grécia, o Brexit dá lastro concreto a governos cansados das pressões de Bruxelas. Também preocupa países escandinavos, que irrigam o bloco com seus euros e temem ter sua prosperidade afetada. Ideias estapafúrdias à parte, o que aconteceu na terra de Sua Majestade faz, ao menos, pensar que há vida fora da UE.
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