Tiago Nunes e Miguel Ángel Ramírez têm pouco tempo para errar. Mesmo que tenham contratos longos, eles podem ter o trabalho interrompido ao sofrer demissões. São treinadores contratados por clubes que ambicionam muito, mesmo que muitas vezes não entreguem o melhor material humano para ser trabalhado.
Tiago Nunes viverá à sombra de Renato Portaluppi. Ele é vencedor e, mais do que isto, ele é estátua na Arena. A maior figura individual da história do clube — tanto que muitos torcedores foram ao aeroporto dar adeus a ele. Não é fácil substituir alguém com esta grandeza, o treinador que tem mais jogos na história do Grêmio. Tiago precisará, a curto prazo, dar boa resposta.
A incrível semelhança que tem Ramírez também não lhe dará muito tempo para dar resposta. Ele substituiu Abel Braga, o treinador que em mais jogos treinou o Inter e saiu daqui quase campeão brasileiro, teve nove vitórias consecutivas nesta competição, o que nenhum outro em qualquer clube conseguiu.
E ainda há a cultura brasileira do imediatismo. Treinador, no Brasil, é sempre interino. Os últimos cinco jogos definem sua estabilidade.
Nunes e Ramírez são substitutos de dois profissionais lendários, de grande história. Qualquer dificuldade terá a lembrança destes dois personagens. Não é uma boa cultura, ela pode estar trazendo dificuldades para o futebol. Mas é uma realidade com a qual todos os treinadores precisam conviver. E os dois sabem da força daqueles que os antecederam.
São profissionais que ganham fortunas para trabalhar bem. Na Europa, tem muito disto também. Pode custar mais tempo por uma cultura mais enquadrada à racionalidade, mas se for mal, vai para a rua também.
Como diz Cláudio Oderich, as redes sociais fazem a cabeça dos dirigentes e, quando o time perde, muitos torcedores a utilizam com uma agressividade fora do comum pedindo a cabeça dos profissionais.