O velho estádio, construído em 1940, ainda é um dos melhores do Brasil. Sua estética é maravilhosa, fora o horrível tobogã — que é uma arquibancada construída atrás de um dos gols. Chegar ao Pacaembu é bem fácil, considerando as dificuldades naturais da cidade de São Paulo.
Já estive muitas vezes neste estádio para cobrir jogos da dupla Gre-Nal. Tem cabines dos dois lados do campo. Num deles, ficam as rádios de São Paulo e as cabines das emissoras paulistas. Do outro lado, todos os que visitam o estádio vindos do interior ou de outros Estados.
Durante bom tempo fomos assistidos tecnicamente pelo Bezerra, querido companheiro da Rádio Globo. Eles nos colocava nas confortáveis cabines da sua própria Globo ou da CBN. Vindos da rua, em três passos se chega à cabine. Do outro lado, a gritaria dos locutores transmitindo naquela verdadeira algazarra de todos nós.
Nada que não possa acontecer, bastando enfiar os fones nos ouvidos. Foi lá no Pacaembu que narrei o histórico gol de Nilmar contra o Corinthians, passando por oito jogadores, fazendo a fila e vencendo o gol com o arremate definitivo. Foi uma fato tão marcante que a minha narração acabou sendo repetida no Jornal Nacional.
Acompanhando o noticiário destes dias de guerra da humanidade, soube que a prefeitura de São Paulo, sabendo dos problemas que estão crescendo, transformou o local. O gramado do velho estádio foi tapado por grandes molduras, cobertas por lonas, formando o que os médicos estão chamando de "hospital de campanha".
Para lá serão levados 200 enfermos da covid-19 com graus baixo ou moderado. É um espaço importante da cidade, um estádio que viu Pelé nos seus melhores momentos, onde eu pude narrar muitos jogos, onde entrevistei grandes craques e treinadores do futebol brasileiro.
Também conhecido por Estádio Paulo Machado de Carvalho, um dirigente importante que trabalhou entre as décadas de 60 e 80, o templo toma uma nova forma. Lá não se marcará gols. Se buscará salvar vidas nestas horas complicadas para todos nós.