Quando escrevi aqui que acreditava em Deus, justifiquei que um dos motivos era o de que assistia diariamente a muitos milagres ao meu redor.
O leitor há de se perguntar quais milagres são esses a que assisto diariamente ao meu redor.
Eu respondo que eles são tão grandiosos, que não caberiam em palavras.
Respondo também que Deus tem várias maneiras de manifestar-se a nós.
Resta saber, em primeiro lugar, se teremos capacidade para discernir se determinado fato é uma manifestação divina dirigida a nós.
E, em segundo lugar, devemos discernir se é interessante a nós que venhamos a descobrir por que Deus está nos chamando a atenção para aquele detalhe.
Também é importante que cada um de nós tenha consciência de que somos escolhidos de Deus.
Ou seja, quem veio à Terra, quem nasceu, por si só já é escolhido de Deus.
E ter vindo à Terra pode vir a ser uma credencial para entender Deus e suas razões.
O problema central é exatamente este: quais os desígnios de Deus.
Eu não sei bem se Deus às vezes se descuida e nos transmite sinais de sua existência ou se esses sinais são dados a todos, e só um mínimo de pessoas é capaz de percebê-los.
O que sei é que Deus existe para quem crê nele.
E também não sei exatamente se Deus existe também para quem não crê nele.
Como já escrevi, Deus é um imã, oculto no infinito.
E se ele não se mostra ( é oculto), deve ter razões ponderáveis para permanecer oculto.
Eu, na minha humilde condição de pensador, de perscrutador dos sinais de Deus, penso que uma das razões para que Deus seja oculto é que ele assim se mostra receptivo a que nós o descubramos e o retiremos da condição de oculto.
Ou seja, só os que perceberam Deus, os que o desvendaram é que podem melhor entender a vida e ser realmente felizes e realizados.
Em outras palavras – não me entendam mal –, essas pessoas que entenderam Deus são os chamados eleitos, os chamados povo de Deus.
Ainda em outras palavras, são as pessoas que tiveram acesso a Deus.
Os meus leitores devem estar achando estranho que um cronista de amenidades de penúltima página de um jornal provinciano esteja se ocupando repetidamente com Deus.
Não há nada de estranho.
É que é um direito meu ocupar-me de Deus, como é direito de todo leitor meu fazer isso e de todos os viventes: Deus está lá oculto no infinito, mas todos têm livre acesso à tentativa de decifração dos seus mistérios.
Eu posso não estar sendo claro.
É que estou falando de fé, e o conceito de fé é quase tão intangível, impalpável, quanto o conceito de Deus.
Crônica publicada em 26/07/2011