Não consigo parar de pensar nos 937 caminhões que seriam necessários para carregar toda a areia que os holandeses sugeriram. Explico: nesta semana, em minha coluna em GZH, detalhei uma proposta que a comitiva estrangeira apresentou à prefeitura sobre como proteger o Cais Mauá de futuras cheias.
Em resumo, eles sugerem um muro baixinho à beira do Guaíba — com um metro de altura e 2,5 de largura —, construído ao longo de toda a extensão do cais, que tem 1,5 quilômetro. Se houver risco de uma enchente passar por cima da mureta, aí os holandeses recomendam empilhar sacos de areia sobre todo o comprimento da estrutura, alcançando uma altura total de três metros.
Num primeiro momento, me pareceu uma solução meio tosca. Seriam necessários 7,5 mil metros cúbicos de areia, o que daria 600 mil sacos de 20 quilos — desses que a gente compra em ferragem — ou 12 mil bolsões de uma tonelada. Mas, ao conversar com um empresário do ramo de logística, fui convencido da viabilidade da proposta. Daria, sim, para fazer.
Precisaríamos, em primeiro lugar, de um planejamento com o qual os holandeses talvez estejam acostumados, mas nós não. Teríamos que extrair do Guaíba essa areia toda. Teríamos que transportá-la até um centro de ensacamento. Teríamos que ensacar tudo direitinho. Teríamos que levar os sacos para o Cais Mauá — certamente com caminhões, e seriam mais de 900 caminhões.
Aliás, um caminhão comporta, em média, oito metros cúbicos em sua caçamba, ou seja, se enfileirarmos, um atrás do outro, todos os caminhões necessários para transportar 7,5 mil metros cúbicos, considerando que cada caminhão tenha seis metros de comprimento, e sempre deixando uma distância de dois metros entre eles, teríamos um engarrafamento de caminhões que começaria na entrada do Cais Mauá e terminaria depois da Arena do Grêmio.
Claro, poderiam optar por menos caminhões, talvez 50, por exemplo, só que, neste caso, cada caminhão precisaria cumprir 19 viagens. Repito, dá para fazer, bastaria distribuir os caminhões em horários e rotas diferentes, desde que, quando eles chegassem ao cais, guindastes e empilhadeiras já estivessem a postos para descarregá-los. Na Holanda, é possível que resolvessem tudo em dois ou três dias. Aqui, meu receio é que a enchente chegasse antes.