Para que serve um parque? Alguns dirão que é para caminhar, praticar esportes, namorar, fazer piquenique e sorver o ar puro das árvores. Estão corretos, claro, quem poderia discordar? Mas são atividades relativamente curtas, acabam logo.
E se eu quiser passar horas e horas dentro de um parque, inclusive trabalhando com meu notebook, ou até almoçando de garfo e faca em meio ao aroma das flores? Isso seria desvirtuar a finalidade original do parque? Ou seria, pelo contrário, apenas aproveitar por mais tempo a qualidade de vida que o espaço me proporciona?
Os parques mais famosos do mundo preferem a segunda perspectiva. Do imenso Central Park, em Nova York, com 340 hectares, ao pequeno Jardim de Luxemburgo, em Paris, com 22 hectares (a nossa Redenção tem 37), todos eles oferecem – não só no contorno, mas no meio do parque – o que alguns urbanistas chamam de "estruturas de suporte à permanência". Ou seja, pequenas construções que permitem ao visitante prolongar a estadia: restaurantes, cafés, quiosques, museus etc.
É fundamental, no entanto, que essas construções jamais agridam ou descaracterizem a paisagem – porque a natureza, neste caso, precisa ser sempre a protagonista. Uma caixa fechada, no estilo shopping center, por exemplo, faria as pessoas se sentirem em qualquer lugar, menos dentro de um parque. Mas um ambiente integrado ao cenário bucólico, como deverá ser o Refúgio do Lago – complexo gastronômico com inauguração prevista para o início de maio, no lugar do antigo orquidário, na Redenção –, só traz vantagens.
Alguém dirá, como sempre, que não se pode comparar Porto Alegre com Paris ou Nova York, e eu responderei que é verdade: as "estruturas de suporte à permanência" serão ainda mais benéficas aqui do que lá. Cidades que sofrem com a violência urbana, como é o caso da nossa, precisam justamente de espaços públicos capazes de reunir pessoas em qualquer horário do dia. São essas concentrações de gente que inibem a criminalidade e aumentam a sensação de segurança.
Ninguém precisa consumir, ninguém precisa gastar, ninguém precisa nem entrar no tal complexo gastronômico para desfrutar de um parque que agora atrairá pessoas até as 10 da noite. Basta continuar indo à Redenção para caminhar, praticar esportes, namorar, fazer piquenique e sorver o ar puro das árvores. Mas com mais tranquilidade e estrutura – como nos parques mais famosos do mundo.
Como será o Refúgio do Lago
- Em julho de 2021, a empresa Iopark venceu a licitação da prefeitura para construir um complexo gastronômico no lugar do antigo orquidário, na Redenção. O espaço terá operações de lancheria, sorveteria, café, pizzaria, açaí e comida saudável.
- Situada entre o espelho d'água e o lago do parque, a área com 750 metros quadrados contará com mesas ao ar livre, palco para apresentações, espaço pet, espaço kids, banheiros, estacionamento para bicicletas e segurança 24 horas.
- Não haverá telhado ou cobertura no local, apenas guarda-sóis. A ideia é garantir integração com a paisagem do parque. Um mezanino ainda deve aproximar os clientes das copas das árvores.
- Com capacidade para 278 pessoas sentadas, o complexo funcionará todos os dias da semana, das 8h às 22h. O investimento deve passar de R$ 1 milhão.