No Rio Grande do Sul, Estado com 11 milhões de habitantes, eram menos de 240 mil vacinados até esta segunda-feira (8). Em Porto Alegre, onde a população chega a 1,5 milhão, apenas 63 mil pessoas haviam sido imunizadas.
É pouco? Depende. Falta muito, claro, para atingirmos a chamada imunidade de rebanho, com grande parte da população protegida. Isso é o que bloquearia de vez a circulação do vírus. O epidemiologista Jair Ferreira, consultor do Hospital de Clínicas, acredita que só no segundo semestre alcançaremos esse cenário – e ainda vai depender de questões como a velocidade da produção da vacina.
Por enquanto, o que temos é um ritmo lento, mas suficiente para gerar boas notícias em breve. Quem recebe a vacina até aqui (além dos profissionais de saúde), são os grupos mais vulneráveis: idosos, acamados, imunodeprimidos etc. São pessoas com maior chance de desenvolver quadros graves da doença.
Ou seja, ao imunizar esse pessoal, a tendência é de que a pressão sobre o sistema de saúde comece a cair. Porque os pacientes que costumam necessitar de intubações e internações vão, aos poucos, ganhando proteção contra o vírus. O que, no frigir dos ovos, significa menos gente morrendo. Para se ter uma ideia, entre todos os 11 mil mortos por coronavírus no Rio Grande do Sul, 81% tinham mais de 60 anos.
– Essa é uma estratégia chamada enfoque de risco. Se não tem dose para vacinar todo mundo, então imuniza-se antes quem corre um perigo maior – diz o epidemiologista Ferreira, prevendo para março ou abril um impacto mais claro na queda no número de óbitos e de internações em leitos de UTI.
Ele lembra que, no caso dos profissionais de saúde, é fundamental vaciná-los logo independentemente da idade. Porque, se um jovem médico se contamina no contato com um paciente, por exemplo, é verdade que dificilmente ele desenvolverá um quadro grave de covid. Mas vai precisar se afastar do trabalho por cerca de 20 dias.
Em um momento de crise sanitária, remanejar profissionais da linha de frente é um problema – e, quanto mais gente saudável estiver disponível no combate ao vírus, melhor para todo mundo. Em resumo, ninguém nega que a situação seria melhor se o ritmo da vacinação fosse mais rápido. Mas a estratégia atual deve render frutos em seguida.