Embora alguns especialistas acreditem que situação ainda possa piorar em março – quando a cidade retoma seu ritmo pós-veraneio –, o secretário de Saúde de Porto Alegre, Mauro Sparta, tem outra visão:
– Acho que o pior já passou.
Sparta, que é cirurgião plástico, tem bons argumentos para defender o que diz. No início de janeiro, ele mesmo acreditava que a Capital pudesse sofrer com uma explosão de novos casos, devido às aglomerações nas festas de fim de ano. Não foi o que houve, pelo contrário: a ocupação dos leitos de UTI apresentou queda em comparação a dezembro.
– Estávamos preparados para abrir mais 120 leitos, caso fosse necessário, mas, graças a Deus, nada fugiu do controle – conta o secretário.
Para os próximos meses, a perspectiva é boa por causa da vacina. Sparta sabe que o ritmo da imunização ainda é lento – até ontem, 45 mil pessoas haviam sido vacinadas em Porto Alegre. Para uma cidade com 1,5 milhão de habitantes, falta muito para criar uma massa de protegidos contra o vírus, mas o objetivo inicial é outro.
– Quem está recebendo a vacina são os grupos mais vulneráveis: idosos, indígenas, imunodeprimidos etc. São pessoas com mais chance de desenvolver quadros graves da doença. Ao imunizar esse pessoal, a pressão sobre o sistema de saúde naturalmente deve cair. Porque começa a diminuir o número de pacientes com necessidade de internação e intubação – analisa Sparta.
Nos últimos dias, no entanto, a ocupação dos leitos de UTI voltou a crescer: de 249 na sexta-feira (29), o número saltou para 273 nesta terça-feira (2). Segundo o secretário, não se trata de um cenário preocupante, porque outros indicadores – como novos casos positivos e o atendimento nos postos de saúde – permanecem estáveis na Capital.
Sparta também se mostra otimista em relação à velocidade da vacinação. Porto Alegre tem apenas mais 10 mil doses para aplicar até o final desta semana. Depois, aguarda novas remessas do governo federal, que, na avaliação dele, devem chegar cada vez mais rápido:
– Até março, já teremos um contingente importante de pessoas dos grupos de risco vacinadas. E já estamos com estrutura logística pronta para atender toda a população. Acredito que, dentro de alguns meses, a situação vai estar estabilizada no mundo inteiro.
Que assim seja, secretário.