Há dois projetos na prefeitura para renovar o tenebroso visual da Avenida Mauá. Um é provisório e emergencial – ninguém fala em prazos oficialmente, mas a ideia é transformar aquele muro em uma grande parede verde, coberta de plantas, até o aniversário de Porto Alegre, no fim de março.
Já o outro projeto é definitivo. Esse, claro, demanda mais tempo, dinheiro e estudo, mas o secretário de Planejamento e Assuntos Estratégicos, Cezar Schirmer, se empenha para tirar tudo do papel. Uma das intenções é encaixotar o trensurb – e, em cima dele, fazer uma espécie de parque: as pessoas poderiam passear ou andar de bicicleta avistando o Guaíba de um lado e a Mauá de outro.
– Teríamos todo um tratamento paisagístico no entorno dessa cápsula envolvendo o trem. E o passeio em cima do trensurb seria algo como o High Line Park – compara Schirmer, mencionando o parque de Nova York construído sobre uma antiga linha ferroviária.
Pode parecer uma ideia mirabolante, mas me agrada ver o governo idealizar propostas que transgridem a obviedade. A autoestima do porto-alegrense é tão baixa que, quando alguém pensa mais alto, a primeira reação é achar ridículo. Não dá para ser assim. Embora eu corra o risco de me frustrar, dar meu voto de confiança é uma obrigação cidadã.
A ideia de encapsular o trensurb, aliás, chega como alternativa para um projeto ainda mais ambicioso defendido por Schirmer: enterrar o trem. Custaria caro, mas o secretário tem convicção de que a iniciativa privada é a maior interessada em ver o Centro Histórico revitalizado, o que atrairia turistas e clientes da própria Capital.
Em relação ao muro da Mauá, que logo deve ser ajardinado, o secretário Schirmer já iniciou conversas com entidades de engenharia e universidades para debater a intenção de cortá-lo pela metade. O objetivo é colher pareceres técnicos avaliando se, de fato, o paredão precisa seguir com três metros de altura.
– Sabemos que tudo isso já foi discutido, mas sempre no âmbito do palpite. Há uma série de instituições querendo nos ajudar a encontrar um caminho adequado. O mundo inteiro tem cidades banhadas por rios, e nenhuma precisou de um muro desse tamanho – diz o secretário.