Para aquela fatia mais, digamos, ideologizada do eleitorado – que define o voto a partir dos conceitos de esquerda e direita –, não há muito o que escolher. A esquerda vai com Manuela; a direita vai com Melo. Ponto.
Só que essa é uma minoria. Há também os que se colocam ao centro no espectro político: alguns podem ter votado em Marchezan, outros em Juliana Brizola, não se sabe. O certo é que Manuela e Melo vão disputar esse eleitor de centro. Mas ele também é uma minoria – ao recusar a esquerda e a direita, o centrista é parte da população ideologizada.
Duvido que esse grupo decida o segundo turno em Porto Alegre. Quem vai determinar o resultado da eleição é a maioria, e a maioria não faz essa distinção tão clara entre esquerda e direita. A maioria quer saber da vaga na creche, do atendimento no posto, da infraestrutura do bairro, dos problemas concretos da própria vida.
Na bolha das redes, o lugar-comum diz que o eleitor de Marchezan votará em Melo no dia 29. É uma visão ideologizada da migração de votos. Se Manuela conseguir, nas próximas duas semanas, comunicar melhor as soluções para as agruras do povo, nada impede que a transferência seja para ela.
Essa é a questão: ganhará o candidato que for melhor nisso. Na comunicação sobre o que pretende fazer para resolver as adversidades da maioria. E cada um tem uma forma de comunicar essas questões. Manuela D'Ávila, no primeiro turno, apostou em propostas mirando diretamente o eleitor da periferia. Já Sebastião Melo optou por um enfoque mais econômico, voltado aos empreendedores e à geração de empregos.
Percebe-se claramente que Manuela tem uma abordagem à esquerda, enquanto Melo se posiciona à direita. Neste momento, é a esquerda ou a direita quem consegue responder melhor às angústias da cidade? Que vença o melhor.