Interditada desde março, a feira mais famosa de Porto Alegre enfrenta momentos de incerteza – e também uma divisão entre expositores que querem e outros que não querem seu retorno imediato. Ao contrário de shoppings, galerias, bares e restaurantes, o Brique da Redenção continua fora dos decretos municipais que vêm liberando atividades na pandemia.
– A gente vê lojas, camelódromo, tudo funcionando. São ambientes fechados, que podem gerar aglomeração. Por que com a gente, que trabalha ao ar livre, é diferente? – questiona Mario Rangel, 63 anos, que vende joias artesanais no Brique há 35 anos.
Por enquanto, as únicas feiras com funcionamento autorizado são as de hortifrutigranjeiros: como há venda de alimentos, elas se enquadram no rol de atividades essenciais.
Segundo o secretário municipal de Enfrentamento ao Coronavírus, Bruno Miragem, a liberação de espaços ao ar livre que vendem artesanato, antiguidades e arte – como é o caso do Brique – será avaliada nas próximas revisões, que ocorrem a cada 15 ou 20 dias. O problema maior, conforme o secretário, é justamente as feiras serem abertas.
– Elas não têm um limite de pessoas, não há uma capacidade máxima, portanto há um risco maior de aglomeração. Como também não existem entrada e saída, é difícil fazer exigências aos expositores. Precisamos observar – afirma Miragem.
No domingo passado, um grupo de 10 artesãos protestou com faixas, na Avenida José Bonifácio, pedindo a volta do Brique da Redenção. Mas, conforme o artista plástico Edegar Rissi, 52 anos, que pinta quadros de madeira e integra a Comissão de Artesanato da feira, a maioria dos expositores discorda dos manifestantes.
– Achamos o protesto justo, nos solidarizamos com eles, mas somos contra essa volta imediata. Muitos artesãos são do grupo de risco, nem todos os frequentadores usam máscaras, então preferimos aguardar a determinação da prefeitura – pondera Edegar.
Com Rossana Ruschel