Já são mais de 150 espalhadas pelo Centro. As lixeiras e bituqueiras instaladas por Ivete Spindola, 59 anos, aliam criatividade e consciência ambiental para amenizar a sujeirada da rua.
Moradora da Duque de Caxias, a geógrafa que mudou de ramo e hoje transporta peças automotivas recebe doações de filtros – tanto de óleo quanto de ar – que um dia foram usados em caminhões e ônibus. São recipientes que variam de tamanho e material.
– Mas parecem sob medida para servir de lixeira, né? – sorri Ivete, que há mais de ano pendura os objetos com arames e elásticos em postes da região central. – Não gasto dinheiro com nada. E só uso o que for reutilizável.
Para as bituqueiras, ela prefere canos de PVC. Uma delas foi instalada há dois meses em frente a uma lancheria da Rua Sete de Setembro – a situação da calçada é outra desde lá. Proprietário do local, Julio Passos, 45 anos, diz que nunca mais precisou varrer o chão de manhã, quando chega ao trabalho.
– Era bituca demais, tu não imagina. A cidade tinha que ter mais dessas por aí – comenta Julio.
Alguns vândalos estragam, botam fogo, mas em seguida já boto uma lixeira nova. Não vou desistir. Se insistirmos, as pessoas vão aprender.
Em nota enviada à coluna, o DMLU informou que, de fato, "a Capital não possui contrato para instalação de bituqueiras". E acrescentou que as lixeiras da cidade, cerca de 6 mil, "somente são instaladas em vias de grande fluxo de pedestres e próximo de locais com grande concentração de pessoas, como hospitais, escolas, centros comerciais etc".
– Quero mostrar para a prefeitura que é possível fazer limpeza urbana e cuidar da cidade sem custos – afirma Ivete.
O DMLU gostou da ideia: na nota, o órgão se mostrou "aberto para conversar sobre alternativas (...), pois o objetivo é que as pessoas possam colaborar com (...) ideias que não onerem a administração pública".
Com Rossana Ruschel