Decidida a erradicar de Porto Alegre uma verdadeira praga urbana, a restauradora e pesquisadora Alice Prati desenvolveu um engenhoso sistema antifurto para evitar que monumentos sejam surrupiados. Para se ter uma ideia, segundo a coordenação da Memória Cultural do município, é raro encontrar um exemplar intacto entre os mais de 300 bustos, estátuas, esculturas e placas da Capital.
— Estou colocando à disposição da cidade esse sistema — anuncia Alice, que fez um teste em uma placa de bronze situada em uma área verde de Porto Alegre.
Ela prefere não divulgar o local – que é para o estudo prosseguir sem grandes interferências –, mas conta que instalou a trava há um ano e meio. Desde lá, houve três tentativas de furto, todas frustradas pelo mecanismo.
O processo de instalação é assim: primeiro, Alice retira a placa e, na parte de trás, aplica uma espécie de supercola. Antes de devolver o monumento à pedra, ela atravessa a chapa com parafusos especiais – e eles têm a cabeça lixada de tal forma, que é impossível introduzir algum instrumento embaixo dos pinos.
— Só com uma pressão de 500 quilos para remover esses parafusos — garante ela, que, para espalhar o sistema pela cidade, precisa do poder público apenas para bancar o custo dos materiais.
Manuela Costa, da Coordenação de Memória Cultural de Porto Alegre, não parece muito inclinada a absorver a ideia de Alice Prati:
—É ótimo que ela tenha encontrado uma solução técnica viável, mas, no momento, não estamos preparados para esse tipo de ação. Também alertamos que intervenções em espaços públicos precisam de autorização.
Colaborou Rossana Ruschel