Por que Marchezan não consegue?
Verdade que são propostas impopulares, sabe-se que a base aliada nunca foi muito consistente, mas desde abril de 2017 o prefeito tenta construir um acordo com os vereadores para aprovar os chamados "projetos estratégicos". Fracassou pela segunda vez: como ocorreu no ano passado, não conseguiu cortar benefícios dos servidores e, ao que tudo indica, não vai emplacar a revisão do IPTU.
É possível elencar pelo menos três motivos que ajudam a explicar a sucessão de derrotas do governo na Câmara:
1) Carguismo. Seria leviano generalizar, mas há vereadores que exigem, sim, cargos no governo em troca de votos. Ainda mais agora, às vésperas da eleição: quanto mais CCs, mais cabos eleitorais para fazer campanha.
2) Pouco-caso. Para atender seus eleitores, é comum parlamentares pedirem para o governo resolver problemas triviais da cidade: o buraco em uma rua, a poda de uma árvore, a instalação de um quebra-molas, a pintura da quadra de futebol. Só que os vereadores dizem ser ignorados.
3) Falta de confiança. É o problema mais citado inclusive por membros da base. Um exemplo: para apoiar determinado projeto, um partido pede que o governo aceite uma emenda alterando parte da proposta. Os líderes do governo fecham acordo, e o partido dá seu apoio. Mas, na hora se sancionar, Marchezan veta a emenda.
Esse último item tem um desdobramento terrível: desconfiados, os vereadores às vezes deixam de apresentar emendas mesmo quando consideram um projeto razoável. Afinal, se ela vai ser vetada, é melhor derrubar tudo de uma vez.
Mas não dá para culpar só a prefeitura: a esmagadora maioria dos vereadores jamais veio a público apontar uma única ideia para tirar o município do atoleiro. Fugir da raia é barbada. Difícil é indicar um caminho nessa falta de horizonte.