Começa uma articulação em Porto Alegre para o Laçador trocar de lugar. Na prefeitura, no governo do Estado, nas equipes de patrimônio histórico, todos têm a mesma avaliação: o monumento está escondido. O símbolo da Capital sumiu de vista desde que foi transferido para a Avenida dos Estados, há 11 anos.
– Não há demérito algum em reconhecer que algumas experiências, eventualmente, podem dar errado – diz o secretário da Cultura de Porto Alegre, Luciano Alabarse.
De fato, o Laçador, no lugar onde está, perdeu sua imponência. Quem passa por ali, se está entrando na cidade, vê a estátua de longe, pequeninha, lá do outro lado da pista. Se está saindo da cidade, vê a estátua de costas. O Laçador não recepciona mais ninguém, não empolga, não chama atenção.
– É a escultura mais representativa do Estado. Precisamos propor um novo lugar para ela, onde a população possa ter um contato mais direto com o monumento – opina o coordenador da Memória Cultural do município, Eduardo Hahn, responsável pelo patrimônio da Capital.
Não falta quem queira patrocinar a transferência. O Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon), que comanda o projeto de restauração do Laçador – a primeira fase, no ano passado, identificou rachaduras e problemas estruturais na estátua – aceita captar recursos para montar um novo lugar para a estátua.
– A gente tem recebido, desde o início do projeto de restauração, inúmeras manifestações de pessoas dizendo que aquele não é o local mais adequado. E, de fato, não nos parece que seja – diz o vice-presidente do Sinduscon, Zalmir Chwartzmann.
E qual seria o local ideal? Eduardo Hahn, coordenador da Memória Cultural, diz que a intenção é consultar a população a partir de algumas opções que a prefeitura apresentaria. Para ele, algum ponto nas proximidades da Usina do Gasômetro, especialmente agora que a orla do Guaíba ganha novo fôlego, seria o ideal.
– Temos de pensar em como devolver a frequência das pessoas ao monumento. Elas precisam parar, admirar, tirar fotos, e isso diminuiu muito nos últimos anos – avalia Luciano Alabarse.
O secretário de Estado da Cultura, Victor Hugo, não pôde atender à coluna nesta terça-feira (17) porque enfrentou um pequeno problema de saúde. Mas, nos bastidores, tem se mostrado favorável da troca de lugar. Se tudo der certo, a transferência ocorrerá em 2019, quando o Laçador precisará ser removido do local onde está para a restauração.