É uma infestação que ninguém vê — até porque a praga é bonitinha, olha a foto ali em cima. Chama-se erva-de-passarinho, um parasita que se espalha pelos troncos de Porto Alegre e ajuda a explicar por que tantas árvores desmoronam a cada ventania.
— A prefeitura parou de fazer o controle permanente. Hoje, dá para dizer que 15% das árvores da cidade têm esse problema. Em 2001, a praga atingia 8,75% — diz o biólogo Flávio Barcelos Oliveira, que foi presidente da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana e por décadas trabalhou na Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
Portanto, são 195 mil árvores afetadas.
A erva-de-passarinho são raminhos de aparência simpática com folhas claras e frutos pequenos. Após comerem esses frutos, os passarinhos defecam e acabam disseminando a praga.
Em resumo, o parasita esparrama suas raízes, perfura o tronco da árvore, suga a seiva bruta e rouba os nutrientes. Quando a infestação atinge 50% do vegetal, o risco de queda é alto.
— Grande parte das árvores que caem nos vendavais está tomada pela praga — diz o biólogo Flávio.
Há 30 anos, segundo ele, a Secretaria do Meio Ambiente tinha 380 funcionários dedicados à arborização da cidade, número que caiu para 120 em 2009 e para 40 no ano passado. Com tão pouca gente, sobra bem menos tempo para o complexo trabalho de remoção da erva-de-passarinho.
Em nota, a Smams informou que ações de combate contra a praga ocorrem sob demanda "conforme vistoria e confirmação de risco do vegetal". Ainda disse que, ao priorizar o plantio de espécies nativas, "a tendência é de que, ao longo do tempo, a incidência de erva-de-passarinho diminua".