Despejado há uma semana do prédio que ocupou por 26 anos na Rua Luiz Afonso, em Porto Alegre, o Grupo de Apoio à Prevenção da Aids (Gapa/RS) – uma das mais antigas organizações de combate à doença – ainda não tem para onde ir. A necessidade de encontrar uma nova sede para a ONG foi debatida na quinta-feira, na Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal, com a participação de representantes da prefeitura e do governo do Estado. No entanto, nenhum prédio foi apontado como possibilidade.
A Secretaria Municipal de Saúde pede que o Gapa sugira locais para que a pasta os avalie, mas a ONG alega que não tem acesso à lista de imóveis públicos desocupados. Além disso, a sugestão da prefeitura de alugar um prédio particular é rechaçada pelo grupo:
– Não é uma ideia que nos agrada, porque podemos passar pela mesma situação por que passamos agora. Se uma nova gestão não concordar mais em pagar o aluguel, ficamos sem sede de novo – diz Carlos Duarte, vice-presidente do Gapa. – Sabemos que o município tem espaços vazios, não tem por que alugar prédios privados.
Diante do impasse, os representantes da Cosmam solicitaram que a prefeitura indique, em um prazo de 15 dias, imóveis públicos que possam servir de nova sede para o Gapa. A coluna perguntou se a Secretaria Municipal de Saúde vai fazer esse levantamento e aguarda um retorno da pasta.
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O imóvel na Luiz Afonso era alugado pela Secretaria Estadual da Saúde, que deixou de pagar a locação há nove anos. A ação de despejo foi resultado de um processo judicial movido pelo proprietário do prédio.
Devido à deterioração da casa, que estava tomada de infiltrações e sem banheiros, o Gapa já vinha uma procurando uma nova sede havia anos. Em 2011, a Secretaria Municipal de Saúde chegou a ceder um imóvel na Rua Jerônimo Coelho, no Centro Histórico, mas, às vésperas da mudança, o Corpo de Bombeiros interditou o local. Em reunião com a diretoria do Gapa em julho, o secretário-adjunto de Saúde da Capital, Pablo Stürmer, disse que o prédio na Jerônimo Coelho está sendo leiloado.
Enquanto nada se resolve, o Gapa segue sem lugar para guardar os prontuários de cerca de 10 mil pessoas, seu acervo histórico sobre a aids no RS e, principalmente, sem conseguir atender quem busca a ONG.