Velejadores, automobilistas e consultores de esporte estão há duas semanas furibundos comigo. Depois que a coluna criticou a renúncia fiscal de R$ 45 mil da prefeitura para financiar uma equipe de rali, todos os projetos do Proesporte – uma lei que permite aos patrocinadores abaterem 70% do investimento em impostos – foram suspensos pela secretária de Desenvolvimento Social e Esporte, Maria de Fátima Paludo.
– Segurei tudo. Eu já tinha dito duas vezes para o presidente do Conselho (Municipal do Desporto, que aprova ou desaprova os projetos) que seria ótimo se pudéssemos financiar esporte para todo mundo, mas que, dada a realidade financeira da prefeitura, tínhamos que priorizar a inclusão social. Rali não é inclusão social, rali é para rico – diz Maria de Fátima.
Segundo ela, "rico tem acesso a informação e a empresas que o povo não tem" para apresentar projetos ao Proesporte. Por isso, diz a secretária, o programa terá seus critérios revistos.
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No último dia 24, o jornalista e consultor de esporte Silvio Ribeiro escreveu à coluna dizendo que "Zero Hora ajudou a colaborar para o desprestígio" dos atletas gaúchos. Segundo ele, o investimento na equipe de rali "significa 0,0006% do orçamento da Capital" e o incentivo a atletas ou equipes, "independentemente do esporte, tem vários aspectos positivos: pode atrair uma etapa daquela modalidade específica para o município trazendo investimentos e gerando impostos".
Vale lembrar que o governo já parcelou salários, cortou despesas em diversas áreas e suspendeu verbas para Parada Livre, Carnaval, Feira do Livro, Acampamento Farroupilha, Nossa Senhora dos Navegantes e Via Sacra do Morro da Cruz.